DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OU EXPLORAÇÃO IRRACIONAL


        

Desde 2000, a análise conhecida como “Dia da Sobrecarga da Terra”, é calculada pela Global Foot Print Network. No primeiro ano que foi calculada, o dia primeiro de outubro foi a data da sobrecarga. Isso equivale a dizer que em 9 meses foram gastos  recursos naturais da Terra que deveriam sustentar a humanidade pelo período  de um ano. Daquele ano para cá a data vem retrocedendo, e nesse ano de 2014, no dia 19 de agosto, a pegada ecológica da humanidade já havia consumido os recursos naturais para os 12 meses do ano. Para que não houvesse débito ambiental, teríamos que ter um planeta e meio gerando os recursos naturais que estão sendo consumidos pela humanidade.
         O atual modelo de civilização está em xeque, pois o débito ambiental crescente atesta que o caminho da sustentabilidade  é apenas uma falácia que virou modismo.  Mais de 80% da população humana está alocada em países que consomem mais recursos naturais do que seus ecossistemas podem ofertar.
         Qualquer recurso financeiro, direta ou indiretamente, foi produzido de recursos naturais, portanto, se estes estão sob ameaça de um colapso ecológico, o setor econômico entra em crise.   

         Pegada Ecológica

         Trata-se de uma metodologia que contabiliza a pressão que o consumismo das populações humanas exerce sobre os recursos naturais existentes no planeta. Ela possibilita a comparação de diferentes padrões de consumo para verificar se esses padrões estão dentro da capacidade ecológica da Terra. A unidade da pegada ecológica é o hectare Global (gHa). Um gHa significa um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produzidas em um ano.
         Um outro conceito fundamental é o conceito de biocapacidade, que representa a capacidade de um ecossistema produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelo ser humano.
         Atualmente a média mundial da pegada ecológica é de 2,7 hectares globais por pessoa, enquanto a biocapacidade disponível para cada ser humano do planeta é de 1,8 hectare global.Como se vê, existe um déficit ecológico que corresponde a 0,9 gha/cap. O atual padrão de consumo da humanidade exige a oferta de recursos naturais de um planeta e meio, portanto, na atual conjuntura não existe Desenvolvimento Sustentável, o que existe deve ser chamado de  Exploração Irracional da Natureza.

         Entre 1970 e o ano de 2000 houve uma gigante perda de biodiversidade na biosfera, cerca de 35%. Essa perda se compara com as cinco grandes extinções que ocorreram no passado remoto da Terra, entretanto, não causadas pelo ser humano.


MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
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AQUECIMENTO GLOBAL E PRODUÇÃO DE ALIMENTO



            Em 2013, na Europa, uma onda de calor impactou sobre algumas plantações e fez os preços dispararem. Em 2012, um período de seca e calor nos EUA acarretou uma significativa redução na safra de milho. Isso nos dá uma pequena amostra do problema do aquecimento global.
            No início de 2013, um relatório feito por pesquisadores da Escola de Economia de Londres e um grupo de pensadores de Washington citou a necessidade de se criar um sistema de produção agrícola mais resistente às oscilações térmicas para que não haja uma drástica redução de alimentos, pois o maior medo em relação às mudanças climáticas se relaciona à desestabilização dos sistemas produtores de alimentos e consequentemente, o aumento da fome no mundo.
            No Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, de 2007, o aquecimento global era considerado como algo que provavelmente acarretaria benefícios para a agricultura em muitas regiões favoráveis ao plantio de monoculturas. Posteriormente, foi possível obter evidências de que algumas áreas apropriadas para o plantio de grãos estavam reduzindo a produtividade e, as projeções eram de que o aquecimento global deveria acarretar maiores efeitos deletérios. Como o dióxido de carbono é a principal matéria prima para que as plantas produzam moléculas orgânicas, pensou-se que, com o aumento desse gás na atmosfera aumentaria também a atividade fotossintética, e consequentemente, a produtividade agrícola. Os testes feitos em estufas artificiais apontavam nessa direção, entretanto, outros testes feitos posteriormente, em condições naturais, mostravam evidências de outros estresses nas plantas que eram provocados pelo aquecimento global.
            Entre 2007 e 2008, os preços dos cereais aumentaram mais do que o dobro em relação aos anos anteriores. Muitos países fecharam as portas para as exportações de alimentos e aconteceram muitos tumultos em vários países.

            No recente Relatório da Comissão do Clima, em Yokohama, no Japão – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas de 2014 – a preocupação com a produção de alimentos se acentuou e houve Advertência sobre os riscos de Abastecimento Alimentar.

PARA CONSTRUIR UMA TERRA SUSTENTÁVEL


         O advento da Racionalidade Ambiental no âmbito da consciência humana é imprescindível para que uma nova concepção existencial se materialize nos cenários da convivência humana e na convivência do homem com a biosfera. Ainda que belos e eloquentes discursos, recheados de uma terminologia específica da questão ambiental, sejam cada vez mais constantes nas esferas intelectuais, sem a metanóia para impulsionar o salto quântico capaz de romper a cadeia contínua dos equívocos geradores de equívocos e mais equívocos, o futuro,ou seja, o  verdadeiramente novo, que não pode ser a continuação do passado, não pode se apresentar.
         A mente com sua mesma base  condicionada e identificada sempre cai no engodo da hipnose da expectativa quando adota como referencial uma racionalidade mecanicista que ainda não se deu conta de que as complexas interações que operam na biosfera da Terra expressam claramente um modelo de auto regulação, como já o demonstraram o meteorologista da NASA, James Loveck e a bióloga Lyn Margullis, portanto, devem ser encaradas como expressão de um organismo vivo.
         A difícil transposição no modo de pensar e de ver, reside no fato do homem, em geral, não se dar conta de que muitas de ‘suas opiniões’ e concepções adotadas resultaram de influências culturais e de condicionamentos acumulados que não foram devidamente dimensionados. Num certo sentido, precisamos nos livrar de ‘nós mesmos’ para nos encontrarmos em um nível mais profundo. Ao modo de alguém que sobe num balão e contempla a paisagem antes percorrida por terra e só nessa posição exaltada vê que toda ela é uma unidade, embora com diversas nuances diferentes, o homem que vai vencendo a si mesmo, vai sentindo cada vez mais a unidade que abarca as múltiplas facetas da vida.

         Pedras amorfas, minerais,seres unicelulares, plantas, animais, o homem, a Terra, o sistema solar, a via láctea e outras galáxias expressam uma ordem de complexidade ascensional e a inteligência do homem pode ser capaz de não apenas descrever isso intelectualmente, mas de sentir a conexão de todas essas dimensões que coexistem e colaborar solidariamente em favor dessa harmonia, deixando para traz, definitivamente, todas as ilusões separatistas perpetuadas pela mente fragmentada.

CRISE AMBIENTAL E EDUCAÇÃO

   


Diante de mudanças climáticas galopantes e com a crise ambiental, como ficará a sustentabilidade da vida humana? É certo que a Terra, como planeta vivo, encontrará sua maneira de se adaptar às novas condições estabelecidas pelas mudanças climáticas.
Junto com a crise ambiental, que coloca a vida humana em risco, está também uma crise moral que questiona o próprio sentido da vida humana. É preciso revisar a raiz da árvore da vida que gerou a nossa civilização. Conhecer as causas da crise de valores que fez surgir a crise ecológica que está continuamente a pressionar e minar a epistemologia que alicerça a concepção dos nossos modos de vida.
A crise ambiental é também a crise ontológica que nos convida a questionar o nosso ensino-aprendizagem. A questão não se limita a informações sobre as questões ambientais, como o aquecimento global, a poluição, a perda da biodiversidade e outras, mas de descobrir suas causas profundas. Diante das incógnitas que se avizinham é necessário desconstruir o pensamento culturalmente e socialmente condicionado para que a mente possa pensar o impensado. Com os pensamentos impensados, talvez possamos desconstruir toda a parafernália de teorias e práticas exaustivamente repetitivas e deletérias no mundo.
Só a utopia de um futuro sustentável não projetado por mentes cheias de entulhos de conhecimentos que lhe foram amontoados durante séculos e séculos poderá ser o combustível para nos levar ao verdadeiramente novo.
As Escolas e Universidades não podem e não devem mais serem aparelhos ideológicos do estado para reproduzirem uma realidade coisificada, devem ser os centros de produção de sonhos utópicos,para nos auxiliar na libertação das jaulas das racionalidades de uma ciência árida e orgulhosa de sua arrogância científica.
A escola deve ser  o lugar de produção de uma vida rica em sentidos e significados onde sempre seja possível o sonho de novos enigmas a decifrar.


MAURÍCIO TOVAR
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ÁGUA – UM BEM METAINDIVIDUAL DE VALOR INIGUALÁVEL


 


Na hidrosfera 97,5% da água se encontra nos mares e oceanos, portanto, a porcentagem de água doce é de apenas 2,5%. Considerando a porção planetária de água doce, apenas 0,3% corresponde aos rios e lagos, já que a maior parte  está nas geleiras e nos reservatórios subterrâneos.

No Brasil o volume de água utilizada para produzir alimento, atender as indústrias e as necessidades domésticas equivale a cerca de 1,4 milhões de litros “per capita” ao ano e mais de 80% desse consumo anual é decorrente da atividade agropecuária.

 O crescimento da população brasileira nos próximos 40 anos é estimado em 30% e o desafio para o futuro será conseguir aumentar a produção de alimentos sem aumentar desmatamento e sem promover gastos adicionais de água para o setor agropecuário, até porque, o desmatamento pode acarretar destruição de berçários de água, que, por sua vez, sustentam hidricamente a própria atividade agropecuária.

Por ser um grande celeiro de grãos, o centro-oeste não pode mais expandir desordenadamente sua fronteira agropecuária, pois o pouco do Cerrado que se encontra preservado e íntegro é detentor das nascentes de água que são imprescindíveis à produção de alimentos em seu solo e para garantir o aumento do volume das águas de muitos rios das principais bacias hidrográficas brasileiras. Caso as nascentes sejam preservadas juntamente com as matas de galerias, as condições para uma boa produtividade permanecerão. Caso contrário, perde-se a eco viabilidade, e com o tempo, a produtividade cairá inexoravelmente.

Estudos climatológicos atestam mudanças radicais no ciclo hidrológico planetário. Alguns rios – antes perenes – agora secam antes de atingir o mar. Desde 1985 o rio Amarelo, importante rio da civilização chinesa, está secando intermitentemente e o portentoso rio Nilo está minguando suas águas ao se aproximar do mar mediterrâneo.

Devido à progressiva degradação de biomas e ecossistemas, em decorrência de novas ocupações humanas desordenadas e sem planejamento, o conjunto de atividades antrópicas impacta sobre o meio ambiente alterando temperatura, comprometendo o abastecimento de águas subterrâneas no processo de percolação e alterando o ritmo evapotranspiração. Como consequência certas regiões passam a ter escassez de água, enquanto outras recebem carga excessiva.

Com a descoberta do maior aquífero do mundo – o “Alter do Chão”, inteiramente brasileiro e situado nos subterrâneos da Floresta Amazônica - o Brasil, que já era um  País  agraciado em água doce, passa a ser a nação com maior reserva  de água potável do planeta, dentro de um cenário mundial que, através do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU de 2014 ( IPCC ),prevê uma redução significativa de recursos de água de superfície e subterrânea na maioria das regiões subtropicais da Terra.

O IMPACTO DO AQUECIMENTO GLOBAL




O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), divulgado no começo dessa semana, é um documento produzido por vários especialistas em Climatologia, que deixar claro que o impacto do Aquecimento Global será Grave, Abrangente e Irreversível.

Muitos cientistas que estiveram reunidos no Japão consideram que o relatório é a avaliação mais completa sobre o Impacto das Mudanças Climáticas questão ocorrendo na Terra. A quantidade de provas científicas do impacto resultante do aquecimento global é duas vezes maior em relação ao relatório de 2007.

Nas palavras do diretor do IPCC, Rajendra Pachauri: ¨Ninguém neste planeta ficará imune aos impactos das mudanças climáticas’.

Para Michel Jarraud, Secretário Geral da Associação Mundial de Meteorologia, não há mais desculpa para as ações antrópicas destrutivas do planeta. Jarraud afirmou que o relatório se baseou em mais de 12 mil estudos publicados em revistas científicas, portanto, trata-se de um texto com sólido embasamento científico.

POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL( Segundo o Relatório)


NA ÁGUA DOCE = Redução significativa de recursos de água de superfície e subterrânea na maioria das regiões subtropicais e secas,

NOS CONTINENTES = Grande porcentagem  de espécies terrestres e do monociclo terão maior risco de extinção sob a mudança climática projetada para o século XXI.

NAS COSTAS LITORÂNEAS = O nível do mar vai aumentar e os sistemas costeiros e áreas de baixa altitude vão experimentar submersão, inundações e erosões na costa.

NOS OCEANOS= Haverá redução da biodiversidade do  Talassociclo com impacto na provisão sustentável de recursos pesqueiros.

NOS ALIMENTOS = Quando o aumento médio da temperatura superar dois graus Celsius, haverá impacto deletério na produção de alimentos ( monoculturas de trigo, arroz e milho).

 NA SAÚDE = Aumento de problemas de saúde, sobretudo nos países desenvolvidos.

SEGURANÇA = Aumento  de risco de conflitos violentos ao amplificar as causas conhecidas desses conflitos. Ex.: A pobreza em antagonismo com princípios da economia.

NA ECONOMIA = Desaceleramento no crescimento econômico, dificultando a redução da pobreza.

O IPCC diminuiu o tom de risco para o discurso de que a Amazônia vai tornar-se uma Savana devido a uma mudança climática. ( rotulação de ¨Baixa Confiabilidade)


MAURÍCIO TOVAR
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O SOL E O HOMEM INTERFEREM NO CLIMA PLANETÁRIO


  

       A maioria dos climatologistas admite que os gases de efeito estufa, a exemplo do gás carbono (CO2), metano (CH4), clorofluorcarboneto (CFC) e Ozônio (O3) estão causando o aquecimento global. As emissões de CO² cresceram muito nos últimos quarenta anos, principalmente devido a expansão da industrialização que exigiu uma grande demanda de combustíveis derivados do petróleo. Concomitantemente houve aumento de queimadas,destruição de gigantescas áreas florestais e crescimento do rebanho bovino mundial que hoje deve superar 1,2 bilhões de cabeças. Eles liberam metano na atmosfera, um gás com potencial de efeito estufa cerca de 20 vezes superior ao do gás carbônico. Esse gás é produzido a partir da atividade de fermentação de açúcares no sistema digestório poligástrico dos ruminantes, sendo liberado por arrotos e flatulências.

            De acordo com o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), entidade criada em 1988 por iniciativa da ONU e da OMM (Organização Meteorológica Mundial) com o intuito de monitorar as condições e as variações do clima global e propor medidas no sentido de evitar consequências desastrosas para a espécie humana, a temperatura do planeta subiu 0,6 graus no século XX. Mesmo assim, alguns climatologistas questionam a validade dos dados alegando que não foram apresentados modelos acadêmicos com critérios definidos para obtenção das médias térmicas, de modo que pudessem ser repetidos para se averiguar a veracidade das informações e o valor científico do trabalho.

            No vulcão Mauna Loa no Havaí há um instrumento que foi instalado para monitorar a concentração média de CO² na atmosfera. O local é apropriado porque está longe dos grandes centros urbanos, que certamente apresentam médias elevadas por conta dos acréscimos decorrentes da própria atividade respiratória do contingente populacional e de outras atividades antrópicas geradoras de emissões de monóxido e dióxido de carbono. Muitos climatologistas dizem que os sinais do aquecimento global podem ser evidenciados no degelo dos Andes, na Terra do fogo, na Groelândia e no Alaska; nas ocorrências de furacões em áreas anteriormente inócuas; nos verões muito quentes que passaram a ocorrer no hemisfério norte e nas estiagens prolongadas que amiúde estão ocorrendo nas regiões úmidas.

            Quase dez anos depois,em 1997,na Conferência da Convenção do Clima realizada em Kyoto no Japão sobre os denominados gases de efeito estufa foi assinado o acordo conhecido como Protocolo de Kyoto que só passou efetivamente a entrar em vigor a partir do ano de 2005. No Protocolo foi documentado um compromisso internacional de se reduzir gradativamente as emissões desses gases na atmosfera. Como pressuposto ético, implícito no Protocolo, está o princípio da responsabilidade de todos quando se trata da defesa dos bens meta individuais ofertados pela natureza. Os EUA, considerado o maior poluidor mundial, não assinaram o acordo, sob alegação de que a redução de emissões iria comprometer o padrão de vida do cidadão americano.

            Por outro lado, o Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas evidencia que alterações na atividade solar, independentemente das atividades antrópicas estão interferindo nas mudanças climáticas. Na visão do professor Giorgio Giocáglia, cientista italiano que vive no Brasil, existe probabilidade do globo estar caminhando para uma nova idade glacial devido à mudança na tal atividade solar.

Alguns pesquisadores chamam também atenção sobre a retomada de atividades vulcânicas que por lançarem uma grande quantidade de partículas em suspensão na atmosfera podem neutralizar o efeito estufa e determinarem um abaixamento de temperatura em certas regiões do Globo. Eles acreditam na hipótese da ocorrência de uma gigantesca oscilação climática com manifestações em diversas regiões da Terra.

MAURÍCIO TOVAR
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ÁGUA POTÁVEL UM DIREITO DO CIDADÃO DA TERRA

           

             Os diversos Fóruns Mundiais da Água se detiveram e se dedicaram aos estudos sobre o tema “Água” e o cerne dos debates foi a valorização da água e a elaboração de políticas de privatizações e criações de sistemas de tarifas de água, tendo em vista o direito de cada indivíduo ao seu acesso e usufruto. A  privatização da água está inserida nas estratégias de expansão do capital natural para assimilar e se apropriar de bens e serviços ambientais, bens naturais e metaindividuais.
             Os princípios da economia global revestidos do poder de mercado se apropriam dos ecossistemas, não apenas para se alimentarem deles, mas, para governá-los. Não estamos falando apenas de privatização de abastecimento de água domiciliar, água para a agricultura e indústria e sim de uma “Gestão Global da Água”. A água concebida como “ouro azul” – um excepcional capital natural dentro de uma suposta economia sustentável, na verdade, inserida plenamente nos domínios das apropriações das condições ecológicas de produção, dentro de um propósito de “Gestão Integral da Natureza”.
            O planeta Terra amordaçado pelas correntes da economia e do mercado global encontra-se cada vez mais desfocado da regência das leis da natureza.  Desnaturaliza-se a  incomensurável beleza da Terra redimensionando-a como uma natureza “ecologizada” em preços de mercado. Nesse paradigma, as complexas e sutis interações da teia da vida, única realmente capaz de garantir a sustentabilidade planetária, não constituem um saber objetivo na seara mercadológica da natureza. A regência que transcende o entendimento da racionalidade positivista é forçosamente cedida para a ciência e tecnologia direcionadas por essa racionalidade.É possível uma regência que assegure a sustentabilidade planetária quanto ao direito humano à água dentro de uma concepção mercantilista da natureza?A água é governável?
           Nos últimos sessenta anos a população mundial triplicou-se, enquanto a demanda de água aumentou seis vezes. A industrialização induziu um enorme consumo de água. A entropia decorrente dos processos de industrialização supera os “mecanismos operacionais” de regeneração por parte dos ecossistemas. Há um gritante descompasso entre a dinâmica volumétrica da biosfera e a ressonância destrutiva decorrente das ações antrópicas e lineares da tecnologia e da chamada lógica de mercado.
             De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), existem na Terra 1,3 bilhões de pessoas sem acesso a água potável ;2,5 bilhões não desfrutam de saneamento básico e 31 países se apresentam com grave escassez de água. Nos próximos vinte anos, dois terços da população mundial não terão acesso adequado ao abastecimento de água doce. Os objetivos de desenvolvimento do milênio propõem reduzir pela metade o número de pessoas que habitam o mundo sem água potável e de qualidade, até 2015.
         Anualmente, o metabolismo da água não é apenas modificado pelo aumento da população humana e suas demandas envolvendo água, mas em decorrência da intervenção da economia sobre a natureza, pois, um grande fluxo de água é direcionado para processos industriais e comerciais.O grande desafio mundial em relação à água, bem metaindividual, é a criação de uma “Gestão Democrática da Água”, o que implica reconstruir práticas sociais, relacionadas com os modos de produção e consumo e com obras de abastecimento, drenagem e reciclagem.

         As águas da Terra já não correm livres levando vida aos ecossistemas e aos povos que se estabelecem nas proximidades de seus circuitos A desnaturalização da natureza afeta todo o circuito das águas do planeta e modifica seu ciclo natural imobilizando e travando o seu trânsito entre a hidrosfera, litosfera e biosfera. Muitas vezes, sob o discurso da sustentabilidade se oculta aos olhos desatentos a mesma racionalidade econômica tradicional, usando agora novas roupagens que ressoam a impressão de uma ideologia calcada numa “Racionalidade Ambiental.” A face indomável da Natureza  não quer rédeas sobre Ela. 



MAURÍCIO TOVAR
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PRESERVAR A BIODIVERSIDADE É GARANTIR A SUSTENTABILIDADE DOS POVOS




         Todo ano as tartarugas da Amazônia chegam ao Tabuleiro de Embaubal de setembro a novembro. A praia que fica na cabeceira do Rio Xingu a 10 Km  de distância das obras da hidrelétrica de Belo Monte recebe milhares desses quelônios e cada um deles coloca mais de 100 ovos por dia. Por volta de 50 dias depois da desova devem ocorrer os nascimentos.
         Segundo o ambientalista do Programa Amazônia da Rede WWF-Brasil,Luis Coltro, as embarcações de grande  porte estão passando pela rota onde as tartarugas cruzam para chegar ao Tabuleiro. Aquela região do Xingu –diz ele- tem sofrido um impacto muito grande dessa obra e o impacto é direto, não é indireto como fala o EIA – RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). Coltro defende a criação de duas Unidades de Conservação na região para proteger essa espécie de tartaruga que pode chegar a medir 70 cm de tamanho e apresentar uma massa corporal com mais de 20 kg e outras várias espécies da comunidade local.
         O constante fluxo de grandes embarcações que carregam até caminhões vem afetando o comportamento das tartarugas.  Normalmente, elas costumam observar o Tabuleiro durante vários dias para poderem fazer a desova na praia com tranquilidade, entretanto, passaram a soltar os ovos na água, um comportamento instintivo de autopreservação.
         Na Amazônia, os grandes tabuleiros com milhares de quelônios praticamente desapareceram. O Tabuleiro de Embaubal é um dos poucos em que essa importante etapa do ciclo da vida das tartarugas continua ocorrendo, mas, com a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, essa espécie de tartaruga amazônica pode caminhar para a extinção,  o que certamente causaria drásticas alterações na teia alimentar do ecossistema,colocando em risco várias outras espécies da biodiversidade local.
          Vale lembrar, que essa região do Tabuleiro do Embaubal já foi classificada pelo Programa de Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios, como prioridade de ação em categoria extremamente elevada, pois existem espécies que estão ameaçadas de extinção.
         A expectativa dos ambientalistas é que nesse primeiro semestre de 2014, seja oficializado a criação de duas Unidades de Conservação, uma para refúgio dos animais silvestres, incluindo a proteção das milhares de tartarugas da Amazônia, e a outra, uma reserva de desenvolvimento sustentável, que inclui as ilhas do rio Xingu e algumas comunidades ribeirinhas cuja principal atividade econômica é a pesca.

         A Norte Energia - consórcio responsável pelas obras de Belo Monte - já se pronunciou, dizendo que apóia a criação das Unidades de Conservação na região do Tabuleiro do Embaubal.


MAURÍCIO TOVAR
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DEZ ANOS DE TRANSGÊNICOS NO BRASIl



            A Constituição Federal de 1988 dedicou um capítulo  específico sobre o meio ambiente e  isso foi um marco importante em favor da defesa e proteção do meio ambiente no Brasil.
            O artigo 225, inciso II da nossa constituição reza o seguinte: ¨Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do do  país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético¨.
 A Lei estabeleceu ,portanto, o controle estatal sobre toda atividade relacionada ao material genético. Posteriormente, surgiu a Lei 8974/95 para disciplinar o uso de técnicas de Engenharia Genética e o uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).Os transgênicos foram liberados com a Lei de Biossegurança publicada em 2005.  Essa lei regulou a criação, o cultivo,a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização,o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de OGMs e seus derivados.
           
           O QUE SÃO TRANSGÊNICOS ?

            Devido ao fato do Código Genético ser universal, ou seja, um determinado gene - que é um segmento da molécula de DNA - ser capaz de promover a síntese de uma mesma proteína em diferentes organismos, tornou-se possível a transferência  de gene(s) de uma espécie para outra espécie.Tal manobra executada pelo geneticista é criação da Engenharia Genética e a criatura é o transgênico. O processo possibilita a escolha de gene(s) que codificam caracteres de interesse e implantação em células vegetais, animais, fúngicas ou de bactérias. Portanto, sem barreiras de reinos.
            O processo se estabelece em três etapas, sendo a primeira a escolha do gene. A segunda a introdução desse gene na célula de outra espécie e a terceira  etapa, conhecida como  etapa de regeneração celular após transformação não é executada em organismos unicelulares como bactérias, e é considerada a mais complicada para a formação de certos transgênicos, pois exige que sejam conhecidas as necessidades hormonais, nutricionais e também o meio ambiente da planta.

PLANTIO DE SEMENTES TRANSGÊNICAS NO BRASIL

Dos 55 milhões de hectares plantados no Brasil, 40 milhões recebem sementes transgênicas. As sementes mais plantadas são a de soja, com 67,2% e a de  milho com 31,2%. Apesar de o plantio de soja transgênica, atualmente, superar o dobro do plantio de soja convencional, o Brasil é o maior exportador de soja convencional do mundo, e seus principais compradores são os japoneses e os europeus.O preço da saca de soja convencional possui em média um valor 10% maior do que o preço da saca de soja transgênica.
 A Monsanto monopolizou a comercialização da modalidade transgênica nesses dez anos, a partir da liberação do plantio em 2005 mas, mesmo antes dessa data, muitos fazendeiros gaúchos, mesmo sem autorização legal, já plantavam sementes da Monsanto,o que contribuiu para o cenário atual de supremacia dos grãos modificados.

            ALGUMAS CONTRADIÇÕES RELACIONADAS COM OS TRANSGÊNICOS NO BRASIL


- O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.
- Enquanto alguns representantes do Ministério da Saúde e do Ministério do Meio Ambiente, que são membros da Comissão Técnica de Biossegurança(CTNBio), não consideram que os estudos produzidos pelas empresas que solicitam liberação de transgênicos são suficientes, os membros da CTNBio que são do Ministério da Agricultura, Ministério da Indústria e Comércio e Ministério das Relações Exteriores dizem que os estudos são suficientes(?!).
- A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança pede para que se faça testes e pesquisas em todos os biomas nacionais,para gerar estudos de liberação comercial. Essa exigência não é atendida.

- Os testes apresentados para a CTNBio,de nutrição e da manifestação de sua inocuidade para a saúde são realizados na ausência de agrotóxicos(?!). A semente absorve o veneno químico(agrotóxico) e não morre, portanto o teste tem que ser feito com o grão real que possui a proteína sintetizada devido ao gene transferido e possui também o veneno que foi absorvido.


MAURÍCIO TOVAR
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VÍRUS GIGANTE DO ÁRTICO REVIVE E PREOCUPA CIENTISTAS







VÍRUS GIGANTE DO ÁRTICO REVIVE E PREOCUPA CIENTISTAS

            O megavírus que ficou adormecido durante 30.000 anos no gelo do extremo norte da Sibéria, pode – diferentemente da grande maioria dos vírus – ser facilmente visualizado no microscópio óptico. Ele mede 1,5 micrômetro e não representa ameaça para o ser humano, pois é parasita de ameba,um organismo unicelular.
            Segundo o professor Jean Michael Claverie,do Centro Nacional de Pesquisa Científica( CNRS),da Universidade de Marselha éa primeira vez que se sabe de um vírus com capacidade de contagiar por tanto tempo.
            O Phitovirus sibericum,como é chamado o gigante molecular, estava em uma profunda camada de permafrost no solo do Ártico. Desde 1970, esses blocos de gelo que eram permanentes, estão  descongelando e, infelizmente, a perda de gelo deverá continuar nos próximos anos.
            O vírus gigante, diferentemente de outros vírus, como o da gripe, da Poliomielite ou da AIDS, que  são dotados de poucos genes, possui um genoma com elevado número de genes, que pode igualar ou superar o genoma de certas bactérias.
            O professor Claverie, do Laboratório IGS – CNRS de Marselha,na França,comentou que o aquecimento global e a exploração de minérios no Ártico podem representar um sério risco para a saúde pública,pois, se o derretimento acelerado do permafrost liberou esse vírus que esteve soterrado  a cerca de 30.000 anos e continuou com o poder infectante, podem existir outros vírus com essa capacidade de infectar e com afinidades para parasitarem outros hospedeiros. Para o professor existe possibilidade de ressurgimento de vírus já considerados erradicados, como por exemplo, o vírus da Varíola, que se replica de forma semelhante ao Phitovirus. Claverie destacou ainda que o vírus da Varíola já fez  grandes estragos na Sibéria.
            Uma equipe de cientistas da Academia de Ciências da Rússia, também está contribuindo com o estudo de Metagenômica no permafrost, ou seja, na busca de impressões genéticas em DNA de vírus ou Bactérias patogênicas para seres humanos.

            A descobertado mega vírus demonstra que o conhecimento sobre a biodiversidade microscópica ainda está incompleto.

MAURÍCIO TOVAR
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DA AGRESSÃO A COMUNHÃO DA TERRA



A sobrevivência da humanidade dependerá de uma profunda compreensão da estrutura e função da natureza, pois o futuro da civilização dependerá do modo como a espécie humana se relacionará com Gaia – A Terra. A Ecologia assume um papel especial entre as ciências, porque pode apontar o caminho para  a harmonização do Homo sapiens com a natureza. Ela oferece aos homens os sólidos conceitos obtidos a partir da compreensão da intricada e delicada Teia da Vida
            A espécie humana não pode mais se posicionar como uma espécie isolada e excêntrica em relação aos demais seres vivos da biosfera, ela vive deles. Alguns estudos do impacto exercido pelas atividades antrópicas sobre o meio ambiente fornecem diretrizes para o estabelecimento de sistemas agrícolas auto-sustentáveis, capacitados a suportarem o crescente contingente populacional humano previsto para as próximas décadas
            Em decorrência do desenvolvimento da civilização industrial verificado nos últimos duzentos anos houve um explosivo crescimento da população humana que acabou determinando um enorme impacto ambiental na Terra. Os recursos naturais são esgotáveis e a soma de grande parte dos resíduos originados das atividades humanas vem se acumulando nos ecossistemas e interferindo deleteriamente na reciclagem de matéria feita por bactérias e fungos..
            Resíduos industriais com enorme potencial de intoxicação para a biodiversidade, incluindo a espécie humana, são liberados todos os dias, em quantidades assustadoras na água, no solo e no ar. Certos agentes físicos ou substanciais que se apresentam em elevadas concentrações no meio ambiente são poluentes.Indústrias siderúrgicas, fábricas de cimento e de papel, refinarias e queimadas liberam todos os anos milhões de toneladas de gases tóxicos na atmosfera, entre eles, monóxido de carbono,dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio. O próprio dióxido de carbono, gás essencial para a vida planetária, em excesso se torna tóxico para diversas espécies, inclusive para a espécie humana.
            Tanto o dióxido de enxofre, produzido pela queima de combustíveis como óleo diesel e carvão mineral, como o dióxido de nitrogênio liberado em atividades industriais provocam acentuadamente asma, bronquite e o terrível enfisema pulmonar. Além disso, esses gases ao reagirem com o vapor de água existente na atmosfera formam Ácido Sulfúrico e o Ácido Nítrico, os quais se precipitam junto com a água formando as “chuvas ácidas” que destroem plantações corroem construções e alteram o Ph de rios e lagos causando desequilíbrio na teia alimentar desses ecossistemas.
            Por conta da matriz energética nuclear, catástrofes como a de Chernobyl em 1986 e de Fukushima em março de 2011 no Japão nos convidam a repensar o modelo de progresso e desenvolvimento que queremos.

            Muitos ecólogos admitem que o Planeta Terra seja um gigantesco organismo vivo, que pode, de modo análogo ao nosso organismo, ao sentir-se  drasticamente ameaçado por agentes agressores, acionar seus mecanismos de defesa para sobreviver.