PRESERVAR A BIODIVERSIDADE É GARANTIR A SUSTENTABILIDADE DOS POVOS




         Todo ano as tartarugas da Amazônia chegam ao Tabuleiro de Embaubal de setembro a novembro. A praia que fica na cabeceira do Rio Xingu a 10 Km  de distância das obras da hidrelétrica de Belo Monte recebe milhares desses quelônios e cada um deles coloca mais de 100 ovos por dia. Por volta de 50 dias depois da desova devem ocorrer os nascimentos.
         Segundo o ambientalista do Programa Amazônia da Rede WWF-Brasil,Luis Coltro, as embarcações de grande  porte estão passando pela rota onde as tartarugas cruzam para chegar ao Tabuleiro. Aquela região do Xingu –diz ele- tem sofrido um impacto muito grande dessa obra e o impacto é direto, não é indireto como fala o EIA – RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). Coltro defende a criação de duas Unidades de Conservação na região para proteger essa espécie de tartaruga que pode chegar a medir 70 cm de tamanho e apresentar uma massa corporal com mais de 20 kg e outras várias espécies da comunidade local.
         O constante fluxo de grandes embarcações que carregam até caminhões vem afetando o comportamento das tartarugas.  Normalmente, elas costumam observar o Tabuleiro durante vários dias para poderem fazer a desova na praia com tranquilidade, entretanto, passaram a soltar os ovos na água, um comportamento instintivo de autopreservação.
         Na Amazônia, os grandes tabuleiros com milhares de quelônios praticamente desapareceram. O Tabuleiro de Embaubal é um dos poucos em que essa importante etapa do ciclo da vida das tartarugas continua ocorrendo, mas, com a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, essa espécie de tartaruga amazônica pode caminhar para a extinção,  o que certamente causaria drásticas alterações na teia alimentar do ecossistema,colocando em risco várias outras espécies da biodiversidade local.
          Vale lembrar, que essa região do Tabuleiro do Embaubal já foi classificada pelo Programa de Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios, como prioridade de ação em categoria extremamente elevada, pois existem espécies que estão ameaçadas de extinção.
         A expectativa dos ambientalistas é que nesse primeiro semestre de 2014, seja oficializado a criação de duas Unidades de Conservação, uma para refúgio dos animais silvestres, incluindo a proteção das milhares de tartarugas da Amazônia, e a outra, uma reserva de desenvolvimento sustentável, que inclui as ilhas do rio Xingu e algumas comunidades ribeirinhas cuja principal atividade econômica é a pesca.

         A Norte Energia - consórcio responsável pelas obras de Belo Monte - já se pronunciou, dizendo que apóia a criação das Unidades de Conservação na região do Tabuleiro do Embaubal.


MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
COLUNA  TERRA SUSTENTÁVEL 


http://www.dmdigital.com.br/ 

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