A CIÊNCIA DESBANCA O RACISMO


Se tomarmos duas pessoas, ao acaso, a diferença do conjunto gênico de uma em relação ao conjunto gênico da outra não ultrapassará 0,1%, independentemente de qual seja a etnia de cada uma delas, portanto, no mínimo 99,9% dos genes existentes em todos os seres humanos são idênticos. Além disso, a pesquisa da genômica humana revelou que dentro daquela diferença de 0,1%, a maior parte – cerca de 90% – ocorre curiosamente entre os indivíduos que estão na mesma população, restando 5% para variações entre indivíduos de grupos populacionais distintos. Para se ter uma ideia do que isso significa, pode haver, por exemplo, mais diferenças genéticas entre dois indivíduos europeus de uma mesma população do que entre um indivíduo europeu e um africano. Não é possível dividir a espécie humana em raças porque a variabilidade genética em um mesmo grupo populacional é maior do que a existente entre indivíduos pertencentes a grupos populacionais diferentes.
Estudos sobre a origem do povo brasileiro, realizados pelo geneticista brasileiro Sérgio Danilo Pena, professor titular do Departamento de Bioquímica e professor da Pós Graduação em Biologia Molecular da Universidade Federal de Minas Gerais, deixam claro que é impossível traçar algum perfil genético de raças dentro da população brasileira. A grande maioria das pessoas possui genes que foram herdados de ancestrais índios, negros e brancos, independentemente da cor da pele. Na prática, isso significa que uma pessoa pode ter a pele clara, mas a maior parte dos seus genes herdados serem de origem africana.
A variedade genética existente em uma espécie é extremamente importante para a sobrevivência dela, o que significa que a concepção de “raça pura” não é apenas absurda, é uma concepção indesejável e calcada na ignorância. Qualquer concepção focada na ideia de “purificação da raça” com o propósito de fazer com que os indivíduos humanos fiquem geneticamente muitíssimo semelhantes é absurda e representaria uma grave ameaça à sobrevivência da espécie.
A verdade é que a criação do conceito de raça serviu de pretexto para a justificação do preconceito e do racismo, da dominação e da exploração. Tal conceito, sem dúvida, é uma construção social desprovida de qualquer vestígio de validade científica. Portanto, qualquer atividade discriminatória nesse sentido, por ser injusta e geradora de violência e intolerância, deve ser veementemente repudiada e combatida através da aplicação da lei.
Conscientes de que somos todos de uma mesma espécie, podemos facilmente compreender que, independentemente da cor da pele, do sexo, da identidade religiosa ou da classe social, devemos, sem prevaricar, cooperar uns com os outros. A vacina contra o racismo é feita a partir da educação que valoriza a diversidade e aproxima as pessoas, na medida em que alicerça valores humanistas.
MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ
COLUNA TERRA SUSTENTÁVEL
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CIÊNCIA BUSCA A IMORTALIDADE



Em 2009, três pesquisadores radicados nos Estados Unidos  ganharam o Prêmio Nobel de Medicina ao apresentarem um trabalho relevante sobre a causa do envelhecimento das nossas células. Obviamente, vários fatores concorrem para a degeneração celular, mas um dos fatores cruciais foi encontrado por eles –  os “ telômeros” dos nossos cromossomos.
Quando a célula se divide para regenerar ou promover o crescimento de um tecido do corpo, as extremidades dos cromossomos representadas exatamente pelos telômeros vão sendo desgastadas sem que haja a reconstituição das partes que são progressivamente destruídas na medida em que as divisões celulares vão ocorrendo. Curiosamente, as células cancerosas que se dividem de forma desordenada conseguem reconstituir o telômero dos seus cromossomos, porque nelas a enzima Telomerase atua na reconstituição dos telômeros que são desgastados a cada divisão celular. Acontece que essas enzimas ativas nas células cancerosas infelizmente, são pouco produzidas nas células normais de um adulto.É essencialmente a enzima telomerase que impede que o tumor cancerígeno seja destruído após determinado crescimento, pois as células continuam sendo produzidas indefinidamente..
Algumas pesquisas com ratos mostraram que os grupos que possuíam mais telomerases nas células viviam 50% mais do que os que possuem menos telomerases.Entretanto, morriam posteriormente de câncer. Depois de algum tempo os pesquisadores conseguiram controlar a difusão das células cancerígenas em ratos viabilizando a pesquisa em seres humanos.
Segundo o geneticista britânico Aubrey de Grey, da Universidade de Cambridge, se for injetado periodicamente células-tronco em nosso corpo, elas passariam a produzir novas células com o potencial total para multiplicações celulares, pois seus telômeros não estariam desgastados, com isso, os tecidos e consequentemente os orgãos seriam constantemente renovados. “Faríamos um transplante periódico, e as células tronco seriam iguais às originais do nosso corpo, só que novas em folhas”, afirma  Grey.O organismo permaneceria sempre jovem.
Na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – SP, o pâncreas de alguns voluntários ao tratamento para diabetes mellitus, quando recebeu células-tronco, respondeu sintetizando insulina e eles deixaram de ser dependentes de injeções diárias.A proposta de transplantes de células-tronco de Grey,como se vê, não está longe da realidade.
Atualmente, cientistas de vários países acreditam que daqui 40 a 50 anos não haverá expectativa de vida – para o Aubrey de Gray, geneticista da Universidade de Cambridge teremos um controle pleno sobre o processo de envelhecimento,de tal modo, que as pessoas poderão viver indefinidamente. Tal concepção não é mais considerada “ciência marginal” como antigamente, pois não é apenas especulativa, tanto que, algumas pesquisas nesse campo já foram premiadas com o Nobel.
Outro campo de pesquisa muito promissor é o da nanotecnologia. Muitos cientistas afirmam que para consertarmos qualquer defeito no organismo colocaremos “nano-robôs” dentro do corpo e eles executarão com precisão os reparos necessários. Alguns desses experimentos já foram realizados na Rice University, nos EUA. Os pesquisadores produziram micro cápsulas para conduzirem remédio pela corrente sanguínea até as células cancerígenas evitando que as células saudáveis fossem danificadas.

SAIBA MAIS…..
Sec. XVII => Antony Von Leeuwenhoeck descobre os micróbios.
1796 => Edward Jenner, médico Inglês testa a primeira vacina (o termo vacina vem de Vaca, pois elas tinham varíola mais branda que a humana)
Séc. XVIII => Pasteur sepulta a abiogênese e desenvolve um processo que mata micróbios – a Pasteurização.
1854 => Epidemia de cólera em Londres desdobra-se e determina o desenvolvimento do saneamento.
1859 => Mendel abre o caminho para o surgimento da Genética ao realizar cruzamentos com plantas de ervilha.
1929 => Alexander Fleming descobre o 1º Antibiótico, a Penicilina.
Em 1839 ele começa a ser administrado com êxito em humanos com infecções bacterianas.
1944 => Oswald Avery descobre que os genes não são proteínas, estão presentes na molécula de DNA.
1953 => Francis Crick e James Watson descobrem que a estrutura do DNA é uma dupla- hélice. Eles recebem o Nobel.
2003 => O Projeto Genoma Humano é concluído e abre caminho para                    uma melhor compreensão dos genes causadores de doenças no ser humano.
2009 => Os cientistas Jack W. Szostak,Carol W Greider e Elizabeth H. Blackburn ganham o Prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas de como a enzima TELOMERASE protege os cromossomos e lançam luz nos estudos sobre CÂNCER e sobre o processo de ENVELHECIMENTO.
MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ
COLUNA TERRA SUSTENTÁVEL
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