ECOLOGIA E ESPIRITISMO


            ECOLOGIA E ESPIRITISMO



Em meados do século XIX o pedagogo Hippolyte Leon Denizard Rivail, conhecido posteriormente pelo pseudônimo de Allan Kardec, com uma visão e postura científica se interessou pelos fenômenos das mesas girantes, muito difundidos na época e que estavam tirando o sossego da Paris daquele tempo. Foi nessa ocasião, que Kardec passou então a se interessar pelo fenômeno da mediunidade, investigando-o com uma postura não tendenciosa, isenta da ansiedade e do desejo de ajustamento daqueles fenômenos a uma crença pessoal, pois ele não a possuía. Foi devido à sua postura inicialmente cética e  imparcial na avaliação de toda a fenomenologia mediúnica que investigou, que emergiu a sua condição de “Codificador do Espiritismo”.
No item XIII da introdução de o Livro dos Espíritos, está escrito, “Portanto, não nos enganemos: O estudo do espiritismo é imenso, toca em todas as questões da metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre diante de nós”. Nesse contexto a questão do analfabetismo ambiental que ainda acomete a maior parte da humanidade nesse início de século, sendo o responsável pela gigantesca crise ambiental que assola o planeta, pode realmente comprometer a integridade da biosfera – berçário da vida humana e de tantas outras espécies que são interdependentes no cenário terrestre necessário à nossa evolução.
O verdadeiro estudioso do espiritismo - que pode não ser necessariamente “espírita” - sabe que essa doutrina foi alicerçada a partir de um trabalho sistemático, altamente racional e enriquecida também com o método experimental, portanto, não se trata de mais uma seita religiosa entre tantas já produzidas ao longo dos tempos. Conjuga Ciência, Filosofia e religiosidade,mas, vai além dessas três “estrelas guias” porque coaduna plenamente  a vertical concepção da transcendência da supremacia da inteligência espiritual sobre a matéria com a horizontal aplicação da lei da caridade e da solidariedade, sem as quais aquela vertical se mostraria estéril em relação ao aperfeiçoamento do ser humano. Não corrobora com o misticismo vago e nem com a ciência concebida fora do primado da consciência.
A Ecologia ao focar o olho na biosfera da Terra vê a unidade da vida planetária, unidade evidenciada na interdependência dos fatores bióticos e abióticos, na transferência de energia nos diversos níveis tróficos, na reciclagem de matéria, que ora esta presente nos corpos dos seres vivos, ora na litosfera, hidrosfera e atmosfera planetária. O ar, a água, e a terra (elementos químicos da crosta) existentes nessa grande astronave azul que conduz sete bilhões de seres humanos, junto com tantas outras espécies que compõem a biodiversidade, se apresentam em porcentagens análogas no organismo humano  Na verdade, nossos corpos, inequivocamente, se misturam ao corpo da Terra,portanto, se ela estiver envenenada com índices alarmantes de poluentes, nossos organismos certamente também estarão.
Conceber a crise ambiental como algo natural, não vinculado às atividades antrópicas inconsequentes, fomentar essa idéia junto a população, evadir do problema com argumentos de intelectualismo raquítico, estabelecer gestões que não se fundamentam numa axiologia que prioriza a sustentabilidade e diga não à imprudência do consumismo,são posições típicas dos analfabetos em racionalidade ambiental. 
Tanto o espiritismo quanto a ecologia conseguem ver a unidade subjacente que há na vida, ainda que a vida assuma dimensões distintas sob cada lente, e quando esta unidade é compreendida e, sobretudo sentida, é capaz de fazer brotar no homem uma ética que pode fazer da Terra um lugar melhor para se viver.

O HOMEM É AQUILO QUE ELE COME

Na medida em que a consciência sobre a importância de uma alimentação saudável em nossas vidas cresce, torna-se cada vez maior a quantidade de pessoas que passam a adotar o consumo de alimentos frescos e livres de agrotóxicos, alimentos realmente saudáveis. Quando o homem maneja adequadamente o solo, a água e as sementes e plantas que resultam delas, através de práticas agrícolas coadunantes com o equilíbrio entre o Homem e o meio ambiente, está praticando a agricultura orgânica que leva em conta a integridade das culturas rurais e o aproveitamento dos recursos naturais, sociais e econômicos tendo como propósito a sustentabilidade ecológica e econômica, os benefícios para a saúde da população e a redução da dependência de energia não renovável. 

 HISTÓRICO DA AGRICULTURA ORGÂNICA A agricultura entrou no cenário da vida humana a dez mil anos e até 150 anos atrás os sistemas agrícolas estavam alicerçados em métodos e processos naturalmente (não academicamente) ecológicos. No século XIX o químico alemão Justus Von Liebig começou a fazer uso intensivo de fertilizantes químicos para nutrir as plantas com elementos minerais. Posteriormente, nas décadas de 20 e 30 do século XX, surgem os movimentos contra o uso intensivo de fertilizantes químicos na agricultura. Na Europa destacaram-se os movimentos de “agricultura biodinâmica” em 1924, “agricultura orgânica” em 1925 e “agricultura biológica em 1930. Em 1935 surge no Japão o movimento em prol da chamada “agricultura natural” proposta por Mokiti Okada e em 1938 a agricultura natural de Mossanabu Fukuoka. Na década de 50 a Revolução Verde emerge nos Estados Unidos e na Europa. Sua ressonância alcança o Brasil na década de 70. Nela predomina a concepção de que as variedades de plantas e animais mais produtivas devem prioritariamente ser desenvolvidas e cultivadas para atenderem um mercado consumidor em alto crescimento. Para se obter elevada produtividade o meio ambiente precisaria ser alterado e adaptado, o que “justificaria” a intensa mecanização, a aplicação ostensiva de corretivos e fertilizantes industriais, o controle de pragas através de agrotóxicos e o uso de hormônios e antibióticos na criação confinada de animais, práticas que expressam bem esse modo de produção. Os impactos ambientais e sociais decorrentes da explosiva Revolução Verde e o progressivo despertamento da consciência ecológica em algumas sociedades criaram ambiência favorável ao surgimento de novos movimentos rebeldes. É nesse contexto que aparece o rótulo de “produtos orgânicos” associados às diferentes linhas da agricultura orgânica que passam a ganhar o respaldo do crescente segmento da sociedade já consciente da interdependência entre homem, meio ambiente e saúde. 

 AGRICULTURA ORGÂNICA Partindo do pressuposto de que um solo com elevados níveis de matéria orgânica terá uma rica e intensa vida microbiana capaz de nutrir saudavelmente as plantas, a compostagem se apresenta como a principal característica dentre as técnicas de manejo orgânico. 





PERMACULTURA Foi idealizada pelo professor universitário australiano Bill Molison na década de 70. Após se afastar das loucuras da sociedade de consumo - segundo suas palavras - Mollison percebeu que nem os remotos cantos do interior da Austrália onde morava seriam poupados do colapso planetário iminente, pois seus estudos demonstravam que a fauna e flora estavam diminuindo sensivelmente. Em 1992, quando esteve no Brasil, Mollison afirmou que “se voltasse ao mundo social, traria uma coisa muito positiva”. Cuidar do Planeta, cuidar das pessoas, compartilhar excedentes (inclusive conhecimentos) e limitar o consumo são os princípios que norteiam a Permacultura. Ela é especialmente adequada para regiões de florestas tropicais e subtropicais, pois sua proposta é integrar os sistemas agrícola, florestal e pecuário sem intervenção no solo e sem utilização de adubação mineral.

 AGRICULTURA BIODINÂMICA Essa modalidade de agricultura orgânica parte do princípio de que a propriedade é um organismo e, portanto, propõe um trabalho que relaciona e integra solo, planta, animal, homem e universo, levando em conta as energias que envolvem e influenciam as partes e o todo. Adota um calendário agrícola baseado no movimento da Lua ao redor da Terra e emprega os chamado “preparados biodinâmicos”. Sua proposta é restaurar a harmonia entre o homem e a natureza, pois considera que o papel destinado ao homem é de ser o mediador entre o “Céu e a Terra”. Foi fundada na Alemanha em 1924 por Rudolf Steiner em resposta a um grupo de agricultores que lhe solicitou orientações para resolver os problemas de degradação ambiental. Nas palavras de Steiner “essa ciência agrícola não é um simples método; é antes um caminho, uma arte de cuidar da terra, onde cada agricultor ou jardineiro precisa desenvolver uma percepção e sensibilidade abrangentes. Com elas pode entender o que se passa na sua quinta ou jardim”. 

AGRICULTURA NATURAL Parte do pressuposto de que o homem se afastou das Leis da Natureza e por essa razão gerou o atual estado de elevada degradação ambiental. De acordo com seu fundador, Mokiti Okada, o método agrícola que negligencia a força vital do solo e as plantações naturais acarreta novas crises para a humanidade. Para ele o excesso de alimentos contaminados com agrotóxicos lançados do solo e nas plantas acarreta um aumento crescente de doenças elevando o índice de pobreza e de conflitos nas sociedades humanas. A criação de uma sociedade saudável, solidária e pacífica ocorrerá na medida em que o homem produzir e consumir alimentos sadios que concentram energia vital.







O MÁXIMO BEM ESTAR COM MÍNIMO CONSUMO - O FUTURO DA HUMANIDADE



 O consumo de produtos industrializados é altamente estimulado pelas propagandas que "martelam" a mente do consumidor,sempre criando nele novas necessidades de consumo  e gerando de forma inconsequente um grande débito ambiental que inevitavelmente acarretará carências no futuro. 

 Não há dúvida de que somos seres completamente dependentes da natureza. É só nos darmos conta de que nossos corpos estão estruturados com os elementos químicos provenientes da litosfera hidrosfera e atmosfera pertencentes ao globo terrestre.
             Inclusive, dentro da concepção quântica seria difícil estabelecer os limites entre o nosso corpo e o corpo de Gaia (planeta Terra concebido como organismo vivo). Nossos alimentos, incluindo água e gás oxigênio que necessitamos para produzir moléculas energéticas dentro de nossas células, fornecem nutrientes que são utilizados na construção de estruturas ogânicas que foram desgastadas lesadas ou destruídas.
            Há comandos moleculares precisos controlando esses processos metabólicos nas células, que, diga-se de passagem, são imprescindíveis para a que o corpo permaneça vivo.
            Carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo, e enxofre são os principais elementos químicos que estruturam a grande maioria das moléculas orgânicas que constituem os corpos de todos os seres vivos, de uma simples bactéria que é unicelular a um complexo organismo como o do ser humano.
            Poucos de nós se dão conta de que os elementos que compõem os nossos corpos não são destruídos com a morte do corpo físico. Esses elementos voltam para Gaia (Terra) e, eventualmente, são reutilizados na formação dos corpos de outros seres vivos. Literalmente falando, cada um de nós pode ter em seu corpo átomos que estiveram no organismo de animais que inclusive já foram extintos, como por exemplo, um dinossauro que viveu a duzentos milhões de anos na era mesozóica.
            Os chamados ciclos biogeoquímicos atestam uma dinâmica de transferências de elementos químicos entre os seres vivos e destes com a litosfera, hidrosfera e atmosfera, que nada tem de aleatória.
            O equilíbrio ecológico dos ecossistemas resulta de precisas e sutis interações entre os representantes das comunidades ecológicas e os fatores abióticos (físicos e químicos).
             Nosso padrão de vida, portanto, não pode ser medido em termos de quantidade de consumo. Como se o elevado de consumo fosse sinal de grande desenvolvimento.
             O caráter excessivamente voltado ao consumismo é patológico e apocalíptico, não condiz com a consciência sistêmica emergente da soberania da ciência Ecológica sobre a economia,pois essa, na verdade é  remanescente do século XIX, portanto,descompassada desse tempo e certamente incapacitada para apontar caminhos verdadeiramente promissores que possam solucionar os problemas sócio-ambientais da atualidade.
            Evoluir para a “Racionalidade Ambiental” é desinverter valores que muitas vezes adotamos como referenciais, sem nos darmos conta de que fomos condicionados (quase ia dizendo programados) para admiti-los de forma inquestionável.
            Quanto mais a inteligência humana se envereda nos caminhos ecológicos e estuda profundamente a estrutura e a função da natureza, mais ela se espanta com sua perfeita economia que garante a sustentabilidade da biodiversidade de cada ecossistema. Das lições desses estudos é que deve emergir uma nova concepção de economia. Economia que almeje um crescimento qualificado, cujo centro das ações, seja melhorar a qualidade sócio-ambiental, promovendo o máximo de bem estar com o mínimo de consumo destrutivo.

BIODIVERSIDADE PLANETÁRIA AMEAÇADA (COMO CONTER A DRAMÁTICA EXTINÇÃO DE 10.000 ESPÉCIES POR ANO.O QUE ESTÁ OCORRENDO NA TERRA?

 O desmatamento contínuo , desordenado e irresponsável de grandes áreas da floresta gera  morte de muitos representantes da fauna e da flora e acarreta a extinção de muitas espécies que certamente contribuem para o equilíbrio de todo o bioma.

             

             As florestas devem ser preservadas não apenas porque atuam no sequestro de carbono e dessa maneira contribuem para impedir o aquecimento global, mas também porque produzem O2, protegem o solo, os mananciais de água, a fauna e a flora e possuem um patrimônio genético com enorme potencialidade para a pesquisa bioquímica e genética. Graças à Convenção das Diversidades Biológicas (CDB) assinada no Rio-92 cada país possui o direito soberano sobre a biodiversidade existente em seu território, mas possui também o dever de conservá-la e preservá-la.
            Recentemente, em Nagoia no Japão, foi estabelecido o protocolo sobre Acesso e Repartição de Benefícios dos Recursos Genéticos da Biodiversidade (ABS) que garante a proteção internacional do patrimônio ecológico de cada país.
            De acordo com o novo conceito de patenteamento proposto pela CDB em 1992, os rendimentos advindos de “princípios ativos” encontrados nas espécies da flora e da fauna devem ser divididos entre as empresas, os pesquisadores e o país detentor dessa biodiversidade. No conceito antigo e tradicional de patenteamento os direitos de comercialização de qualquer produto pertenciam àquele que primeiro os registravam nos órgãos de Registro de Patentes.
            Atualmente, as comunidades nativas detentoras de conhecimentos específicos possuem também direitos a dividir os ganhos. Se numa pesquisa de fabricação de medicamento for utilizada uma planta da flora, os nativos que possuem conhecimento sobre ela devem receber parte do lucro decorrente da  industrialização do produto. O contrabando de espécies, de uma nação para outra, passou a ser dificultado devido ao protocolo ABS. Para ter acesso aos recursos genéticos, as nações interessadas em explorar matéria prima de outra nação precisarão ter o consentimento prévio daquele país. Dessa maneira, o estímulo econômico incentiva as comunidades do país a conter a destruição da biodiversidade de seus ecossistemas. Na ausência do protocolo, os benefícios da biodiversidade não serviriam diretamente aos interesses das comunidades nativas, que por essa razão, não teriam motivação para garantir a sustentabilidade de seus recursos naturais.
            Dez mil espécies da biodiversidade planetária estão desaparecendo por ano. Após a Conferência das Partes (COP-10) em Nagoia ficou estabelecido que 17% das áreas naturais do planeta devem ser preservadas. Antes desse encontro a exigência era de 10% tanto para ecossistemas do Epinociclo (terrestres) quanto para do Talassociclo (marinhos). Infelizmente, até o momento apenas 1% dos oceanos estão sendo preservados.
 Grande quantidade de peixes mortos, verificados atualmente em muitos ecossistemas aquáticos, atestam que as condições abióticas ( fatores físico-químicos) que os sustentam estão perigosamente alteradas. 
            Alguns ecossistemas conhecidos como “hotspots” (pontos quentes) possuem grande diversidade biológica e um grande número de espécies endêmicas ameaçadas pelas atividades antrópicas. Diante da enorme perda de espécies que está ocorrendo no planeta a cada ano, o cumprimento das metas que visam conservação de áreas protegidas deve ser mais rigoroso, dentre elas: Impedir a poluição, aumentar as barreiras para a introdução de espécies exóticas e estabelecer novas áreas a serem protegidas e submetidas a programas destinados às espécies e habitat (local onde a espécie vive) vulneráveis. Conhecimentos sobre biodiversidade e ecossistemas específicos de cada país são fundamentais para que se estabeleça o adequado planejamento para êxito de tais medidas.
            Os países desenvolvidos devem mobilizar recursos financeiros para  ações da Biologia de Conservação, caso contrário, a dramática extinção em massa, dessa vez de origem antrópica  – a 6ª extinção do nosso Planeta – não poderá ser desbancada. Os países em desenvolvimento devem receber recursos financeiros para não degradarem seus ecossistemas, pois se seguirem o mesmo padrão de exploração não sustentável já verificado naqueles, as linhas da Teia da Vida que sustentam a biosfera se romperão numa velocidade superior à capacidade de restauração estabelecida pela natureza.

SÉCULO XX- UM SÉCULO DE GRANDES AVANÇOS CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS E PARADOXALMENTE DE MUITA CRUELDADE.

- Um grande avanço científico e tecnológico verificado no século XX  possibilitou as construções de sofisticados computadores,poderosos telescópios e até processadores de elétrons,não obstante, a espécie humana continua estranhamente incapaz de integrar a  Ciência e a Tecnologia em favor de uma  existência humana mais plena e solidária. 

    

    Segundo as palavras do renomado e brilhante historiador Eric Hobsbawn o século XX, apesar dos extraordinários avanços científicos e tecnológicos, foi um dos mais cruéis da história da humanidade. Jamais os países ricos tiveram tantas riquezas em suas mãos e o abismo entre eles e os países pobres, na verdade, se enormizou. Quando se esperava uma redenção social através das aplicações das conquistas científicas e tecnológicas, paradoxalmente, milhões de pessoas foram vítimas de fome, doenças de carência e parasitárias, desemprego e desamparo social. A cobiça e o egocentrismo dando gênese a direitos imaginários plasmados de forma espetacular em mentes com poder de decidir em nome de certas nações determinaram um espantoso estado de disposição bélica do homem para com o próprio homem, uma disposição desintegradora que acabou culminando em muitas guerras, inclusive as duas guerras mundiais.      
            A crise fundamental que continua atingindo a humanidade não é econômica, nem social, o que se estabelece no âmbito social e econômico é apenas reflexo de uma crise na dimensão da consciência humana. O homem não holístico, ainda condicionado, identificado e deslumbrado com modelos econômicos e sociais focados na concepção neoliberal supõe que tais modelos podem regular a economia global e consequentemente o ajustamento social. Entretanto, para que a lei da oferta e demanda esteja integrada em um mercado único, as regras que certamente beneficiam os países que possuem maior poder de compra e os que possuem produtos qualificados para vender, deveriam levar em conta a realidade específica de cada nação.
            Era de se esperar que o aparato científico e tecnológico devesse contribuir para uma maior integração entre os homens, entretanto, a raiz da questão é ontológica. A crise expressa nas relações sociais é uma ressonância da turbulenta crise na dimensão da consciência humana. Se cada indivíduo parasse de reagir às pressões impostas pelas desumanas “entidades” mercantilistas que operam e ditam as regras do jogo, controlando o ser humano através das imposições econômicas  que causam dependência para a sobrevivência,  retiram-lhe a espontaneidade do viver.
             Enquanto o homem estiver comprometido com um paradigma insatisfatório e deteriorado que justifica a crise humana principalmente através de concepções econômicas e sociais, os adeptos do materialismo dialético não perceberão que a crise econômica e social, na verdade é conseqüência da deplorável falta de unidade na consciência do ser humano.
             Na verdade, a expressão “massa humana” não condiz com o real. O que existem são indivíduos, que tal como eu e você, são seres humanos que não podem ser enquadrados em modelos sistematizados por teóricos, pois são expressões inéditas da própria vida. Quando se referem à massa, esses teóricos se desvestem de humanismo, supondo que o pensamento divorciado do emocional poderá encontrar padrões estratificados para solucionarem as questões relativas ao equilíbrio social. Entretanto, até aqui, essas “fórmulas” se mostraram incompletas e, portanto, ineficazes. Mesmo nos países de primeiro mundo há grandes turbulências e insatisfações existenciais em grupos humanos economicamente bem resolvidos.
            Talvez o próprio homem que até o momento se revestiu de “lobo do próprio homem” já comece a sentir o eco da consciência dando sinais de insatisfação com sua conduta. A vida parece impulsioná-lo  rumo a experiência do “conheçe-te a ti mesmo” para que sua mente tenha a possibilidade de  operar de forma mais integrada. Segundo algumas correntes da psicologia, grande parte da humanidade atual, sem o saber, sofre de  esquizofrenia..
            O pensamento que vem norteando a postura de grande parte dos homens perante a existência se sustenta no utilitarismo e no imediatismo, pois a filosofia pragmática de John Dewey exerceu grande influência sobre a civilização ocidental. Cuidar dos valores da existência, do refinamento dos sentimentos e da ética fundamentada na continua experiência de autoconhecimento, quando não são desdenhados, são, no mínimo, atitudes torpedeadas pelos agentes do progresso imaginário.

Floresta Amazônica e Cerrado, Biomas de Valor Incalculável.


                
                  O Cerrado é um bioma com extraordinária biodiversidade.É o berçário das águas que nutrem as principais bacias hidrográficas do Brasil. 

            No momento em que o Zietgeist (espírito de uma época) está centrado na construção de uma Racionalidade Ambiental compatível com um modelo de desenvolvimento sustentável, na preservação de biomas e ecossistemas e na recuperação de áreas que foram levianamente devastadas no passado, podemos ter um retrocesso na legislação
             Não é necessário estabelecer uma sucessão ecológica direcionada para a monocultura em parte das atuais áreas de reserva legal para obter um aumento de produção de grãos que atenda a demanda do mercado consumidor. Avanços tecnológicos resultantes de investimentos no setor agrícola, se adequadamente aplicados podem garantir alta produtividade dentro dos limites territoriais estabelecidos na legislação ainda em vigor.
            Biomas como a Floresta Amazônica e o Cerrado possuem um delicado equilíbrio entre fatores bióticos e abióticos. Suas faunas e floras necessitam de “habitat” e “nichos ecológicos” diversificados para sobreviverem. O habitat pode ser comparado ao endereço da espécie e o nicho ecológico à sua profissão, ou seja, ao papel desempenhado pela espécie dentro do ecossistema. No conjunto, todas as espécies estão integradas dentro de uma grande teia com permanentes ciclos de matérias, isto é, os elementos químicos, de modo análogo a um circuito elétrico fechado, transitam do ambiente (água, solo, atmosfera), para dentro dos seres vivos e novamente para o meio ambiente, repetindo continuamente o processo.
            Interferências muito destrutivas nesses ecossistemas podem acarretar graves desequilíbrios com conseqüências desastrosas no ciclo hidrológico, no clima continental, na qualidade do solo, na dinâmica dos ventos, nos processos de polinização natural, na variedade e proliferação de pragas e nos mecanismos que garantem a sobrevivência da biodiversidade.
            Além da ciclagem de elementos químicos que ocorre em toda a biosfera, biomas como a Floresta Neotropical e o Cerrado produzem uma fantástica quantidade de biomassa orgânica a partir de suas plantas que captam energia solar, água do subsolo e gás carbônico da atmosfera.
            Mudanças no ciclo hidrológico, decorrentes dos desmatamentos e das queimadas, afetam o regime de chuvas. As interações entre a Floresta e a atmosfera são bastante complexas, entretanto, a diminuição das chuvas interfere nos estômatos, estruturas presentes nas folhas das plantas. A maior disponibilidade de água faz com que as plantas mantenham seus estômatos mais abertos, alterando a relação com a atmosfera. Como estas estruturas respondem pelas trocas gasosas entre as plantas e a atmosfera, a drástica diminuição das plantas implica em redução do seqüestro de CO², o que amplia o efeito estufa já decorrente da liberação dos gases formados a partir da combustão da biomassa.
        Ecólogos compreendem que as formações de Biomas com comunidades “Clímax”, ou seja, no mais elevado estágio de equilibrio dinâmico, como as que estão presentes na Floresta Amazônica e no Cerrado, resultam de um longo trabalho de sucessão ecológica natural ao longo de um grande período geológico. Infelizmente nem todos os representantes que decidem os destinos do País compreendem que esses biomas são biosistemas com poder de restauração dentro de um equilíbrio dinâmico, mas dentro de limites. Implicações decorrentes de decisões baseadas em percepções fragmentadas podem ser  comprometedoras para as futuras gerações. A Floresta em pé e o Cerrado preservado, se devidamente manejados, podem gerar riquezas por muito tempo.

Vírus Piratas Celulares...


       Vírus- Piratas Celulares Que Parasitam o Homem e os Demais Seres Vivos

         
 Existem diversos tipos diferentes de vírus da gripe que já ceifaram milhões de vidas humanas. Embora os vírus possam ser identificados e classificados,a ciência ainda não sabe como os vírus surgiram no nosso planeta. 
            Qual a origem dos vírus? A Ciência  não possui ainda uma resposta certeira. Por que milhões de pessoas que são parasitadas por vírus não conseguem se defender contra a pirataria virótica e morrem, enquanto outras anulam sua ação deletéria e sobrevivem?
           Os Vírus são agentes biológicos invisíveis,detectáveis apenas ao microscópio eletrônico e possuem código genético operacional somente em condições parasíticas. Não são dotados de células (acelulares).Sua organização máxima é molecular.Apesar de não possuírem metabolismo próprio, quando entram na célula se apoderam do controle metabólico dela e passam a utilizar sua maquinaria bioquímica para produzir os componentes que serão utilizados na formação de novos vírus, produzindo inclusive as chamadas enzimas de empacotamento que analogamente ao sistema de montagem de um automóvel, une as partes sintetizadas para criá-los.
            Pode-se dizer que os vírus são inegavelmente sistemas biológicos, pois ao parasitarem as células apresentam sistema de codificação genética idêntico ao das formas de vida constituídas por organização celular.
            As viroses são doenças que resultam da infecção viral que corresponde a invasão da célula pelo vírus. Em decorrência  há drásticas alterações na dinâmica metabólica da célula.Em certos casos as células passam a se dividir sem controle, dando origem a tumores, mas na maioria dos casos as células hospedeiras morrem.
            Um vírus que infecta uma célula pode ser comparado a um CD com um programa específico (software) para criar novos vírus. Esse programa seria o genoma viral. A célula seria comparada com o computador. Fora do computador o CD não é lido, analogamente, fora da célula o vírus é inerte, assemelha-se a um cristal mineral, pois sua estrutura é molecular.
            Além das viroses humanas como as Gripes, a AIDS, a dengue, o sarampo, a poliomielite a hidrofobia(raiva), a febre amarela, alguns tipos de vírus se relacionam também com o aparecimento de alguns tipos de câncer, a exemplo do HPV (papiloma vírus humano),que possui implicações no aparecimento de câncer de útero.
OS VÍRUS DA GRIPE
            Muitos tipos de vírus que podem causar gripe no ser humano estão todos no gênero Influenzavírus  Eles possuem formato esférico e apresentam um envelope constituído de lipoproteínas que envolve um conjunto de oito tipos de Ácidos Ribonucleicos(RNA) diferentes.
            Nesses envelopes existem as substâncias glicoproteicas que caracterizam os tipos de vírus. As hemaglutininas constituem as chamadas espículas H e as neuraminidases constituem as espículas N. São espículas porque quando observadas na microscopia Eletrônica se mostram como saliências bem afiladas. A famosa gripe espanhola que se configurou como uma pandemia que matou milhões de pessoas entre 1918 e 1928 foi causada pelo vírus denominado H1 N1.
            Podem ocorrer recombinações genéticas que geram vírus mais agressivos pois, considerando que há oito moléculas de RNA em cada vírus. Se  uma célula for infectada por dois tipos de vírus será possível a formação de componentes virais formados pela combinação dos RNA das duas variedades e nesse caso o sistema imunológico humano não reconhecerá esse novo vírus mutante.
            Para que novos vírus não acarretem epidemias, a  Organização Mundial de Saúde mantém uma permanente vigilância sanitária sobre os surtos de gripe. A identificação rápida de novos tipos de vírus é fundamental para que vacinas sejam produzidas antes do alastramento.
            A gripe suína que já está no Brasil e que teve um surto inicial no México em 2009, é causada por um vírus que provavelmente resultou de recombinações genéticas de vírus de  aves com vírus humanos que inicialmente infectaram o porco,e esse é hospedeiro de ambos.

RIO + 20 E EVENTOS PARALELOS


 Por conta da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, entre os dias 13 e 22 de junho o Rio esteve na mira dos olhares do mundo, por isso estava maquiado com trânsito modificado, feriado escolar e presença de seguranças por todos os lugares. Mesmo assim, as passeatas de protesto emergiam da “Cúpula dos Povos” para as ruas do Aterro do Flamengo geravam engarrafamentos que fizeram muitas pessoas perderem o vôo no aeroporto Santos Dumont.
        Enquanto os chefes de estados e de governos avaliavam o texto produzido pelo Brasil, que inicialmente possuia duzentas páginas, mas acabou ficando apenas com quarenta e nove, dois outros eventos paralelos atraíam enorme contingente de pessoas. Refiro-me à “Cúpula dos Povos” que ocorreu no Aterro do Flamengo e à “Humanidade 2012”, um conjunto de exposições que simulavam a dinâmica da civilização atual, suas implicações no meio ambiente e consequente sofrimento para a própria humanidade. Esse evento foi visitado por mais de duzentos e cinquanta mil pessoas e caso eu não tivesse uma credencial de imprensa teria de enfrentar uma fila quilométrica e levaria mais de seis horas para acessar as várias salas a serem visitadas. Esse sacrifício encarado por tantas pessoas mostra o grande interesse das pessoas em visitar a exposição.
        O evento foi concebido para destacar a importância da liderança do Brasil no debate sobre desenvolvimento sustentável. Além de uma bela exposição lúdica aberta para toda a sociedade, o evento também foi marcado por várias palestas e seminários com vista à compreensão de um modelo de desenvolvimento capaz de garantir melhores condições de vida para todos os seres que habitam a Terra.
        Após observar todas as salas de exposições, tive o sentimento de que ser sustentável é não ser sofisticado e nem simplório, é ser simples. Bia Lessa, cenógrafa e idealizadora da exposição, procurou integrar cultura, educação e tecnologia colocando tudo em sintonia com a Rio + 20. O arsenal expositivo foi composto pelas salas com as seguintes denominações: - “O mundo em que vivemos”, “Mundo dividido”, “Homem e suas conexões”, “Biodiversidade Brasileira”, “Diversidade humana brasileira”, “Produções humanas”, “Rio de Janeiro”, “Indivíduo e forças da natureza” e “Museu do amanhã”.
        Uma espécie de “Série B” da Rio + 20, a Cúpula dos Povos foi um evento marcado pela pluralidade de grupos sociais e religiosos focados na expectativa de justiça social e ambiental.
        Era de se esperar que 20 anos após a Eco-92, boa parte dos problemas econômicos, sociais e ambientais tivessem sido resolvidos, entretanto, estamos diante de uma grande crise econômica internacional, a fome aflinge um bilhão de pessoas no mundo, bizarras ideologias reacendem movimentos raciais, guerras não cessam e o planeta se contorce diante do impacto desastroso decorrente das imprevidenres atividades antrópicas.
        Não seria de se esperar que o edifício da ciência construído ao longo do século 20 e o maior assentamento e difusão das doutrinas sociais amenizasse o sofrimento humano? Os chefes de estados e de governos irão alavancar um novo paradígma integrado na racionalidade ambiental caso não haja uma forte pressão de uma sociedade civil cada vez mais consciente e mobilizada?
  ( Maurício Tovar da Rio + 20 e eventos paralelos )

Rio + 20 – “O Futuro é Agora


  

           A Rio + 20 estava morna quando a estudante neozelandesa Brittney Trilford de 17 anos foi convidada para falar perante os chefes de Estado e representantes da Sociedade Civil. A jovem não vacilou e disse às autoridades: “De forma corajosa e ousada, façam o que é certo”. “Estou aqui hoje para lutar pelo meu futuro. Quero pedir que considerem porque estão aqui. O relógio está passando”, e acrescentou: “Os senhores estão aqui para fazer bonito ou para nos salvar”. Ela foi escolhida por 350 Organizações Não Governamentais em uma seleção feita pela ONU no concurso “Encontro com a História”. Na Eco-92 a estudante canadense de 12 anos, Steven Suzuki, marcou o encontro quando disse: “Todas essas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e,mesmo assim,continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções”.
               O menor número de chefes de estado em comparação com a Eco-92 não deixa de expressar um sentimento de  negligência  para com a inadiável necessidade de integrar a economia com o social dentro de uma viabilidade ambiental, de modo que a sustentabilidade saia da dimensão da retórica e ingresse na dimensão da construção de uma realidade embasada na Racionalidade Ambiental e não numa distorcida racionalidade econômica que  banaliza a vida, a natureza e o próprio homem.
               A ausência do presidente Barack Obama, da chanceler alemã Angela Merkel e do 1º ministro britânico David Cameron não deixaram de representar uma perda de força para a Conferência das Nações Unidas. Vários líderes criticaram o texto final que ficou dimensionado em 49 páginas, 6 capítulos e 283 itens.Muito genérico e pouco ambicioso resume o comentário geral sobre o documento.Os capítulos que se referem a financiamentos e meios de implementações foram considerados os mais importantes.
                   Sexta feira,dia 23, o secretário Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon recebeu das mãos de 20 ativistas um documento com demandas elaboradas no evento paralelo à  Conferência das Nações Unidas,a Chamada “Cúpula dos Povos” no aterro do Flamengo.Os ativistas esperavam que o documento fosse incorporado ao texto principal,coisa que não aconteceu.
                 A verdade é que a ONU não deu nenhuma garantia de que os governos irão consolidar as decisões que foram acordadas na Rio + 20.Muitos palestrantes foram incisivos em afirmar que as mudanças climáticas estão se acelerando,pois dados científicos não deixam dúvida,e que muitos desastres ambientais podem impactar violentamente sobre a civilização ,entretanto o encontro não resultou na criação de um fundo ambiental,isso significa que teremos dificuldade em  concomitantemente desconstruir as estradas que estão conduzindo a humanidade para o caos e construirmos um legítimo caminho de sustentabilidade.Não há tempo para  primeiro criarmos um novo paradigma e depois agirmos.O argumento de que a crise econômica não permite a criação do Fundo Ambiental é uma balela.Qual prioridade é maior,continuar produzindo desmedidamente com o propósito de se obter mais e mais lucro que será revertido para restritos grupos econômicos ou estabelecer e executar imediatamente um programa de sustentabilidade em que a economia seja um instrumento em prol de benefícios sociais e da restauração e preservação dos ecossistemas?O documento final  “ O Futuro que Queremos” não condiz com os anseios da sociedade civil,pois muitos líderes nacionais e internacionais que a representam entregaram aos chefes de estado uma mensagem com o tíulo “A Rio + 20 que não queremos”  como resposta ao texto final da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.”Registramos nossa profunda decepção com os chefes de estado.A sociedade civil não compactua com esse documento.”  
O futuro é agora.

(Maurício Tovar-direto da Rio + 20 )


Autoridades governamentais e representantes da sociedade civil buscam consolidar o caminho da sustentabilidade,mas infelizmente não houve a criação do esperado fundo ambiental e o texto final reduzido de 200 páginas para 49 recebeu muitas críticas ,sobretudo quanto à generalização e falta de ambição nos propósitos


Rio + 20 – A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.


          
         
                             A estátua do Cristo Redentor no alto do morro do corcovado,
                                          na cidade do Rio de Janeiro, que irá sediar a          
                            Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.


 Vem aí a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20. Que seja um catalisador da “Racionalidade Ambiental”, uma nova concepção para pensar e sentir o mundo. Consciência ambiental que sobrepuja a  racionalidade econômica que fez do capital o sol central ao redor do qual tudo deve orbitar. Não é mais possível passar graxa no mesmo eixo por demais enferrujado. É necessário substituí-lo por outro com grande capacidade de sustentabilidade, forjado na compreensão sistêmica do planeta, na clara percepção de que a economia deve ser um mero instrumento de reconstrução e resignificação das relações entre os homens e deles com a natureza. É esta a mudança necessária para garantir sustentabilidade ao planeta e à humanidade.
            Se estiver enraizada por uma mentalidade que coisífica e faz etiquetação de valores metaindividuais, a governança não terá força suficiente para alavancar a grande virada. Será preciso submeter a economia mundial a um projeto ecológico abrangente cujo propósito é nada mais nada menos do que a conquista do equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental. Uma raiz de nova espécie, mais vigorosa e dotada de essências inibidoras de ervas daninha deve se aprofundar e se alastrar no terreno adubado pela Racionalidade Ambiental.
           Faz vinte anos, na mesma cidade do Rio de Janeiro, 108 chefes de estado se reuniram na Eco 92, também conhecida como Cúpula da Terra, para buscar caminhos que conduzissem à preservação dos recursos naturais do planeta. Em 1987 em Estocolmo o relatório “Nosso Futuro Comum” criou o conceito de desenvolvimento sustentável. Agora, às vésperas da Rio +20,a urgência  de ações concretas está a  exigir de todos, algo mais do que um fórum de debates. É óbvio que a questão ambiental não pode mais ser abordada em divórcio com o socioeconômico. A prova disso é que pela primeira vez teremos a presença de economistas junto aos ambientalistas em um encontro dessa natureza, o que por si só já representa um passo adiante em relação aos encontros pretéritos.
            A ecologia começa em nossa volta. Vai do micro ao macro passando pelo modo como nos relacionamos com nossos semelhantes para depois expandir a compreensão e alcançar a dimensão do nosso relacionamento com as demais espécies que coabitam conosco a biosfera desse belíssimo planeta, tendo em vista que todas as linhas que tecem a teia da vida se integram para expressar a harmonia e o equilíbrio do todo.
           O homem tem sido capaz de “mover céu e terra” para justificar posições de domínio sobre seus semelhantes e sobre o restante da biocenose planetária, entretanto, as grandes mudanças, aquelas que realmente representam a ruptura com o velho condicionamento acumulado no cérebro, emergem sempre da mente silenciosa, ainda não malhada pelo excesso da tagarelice repetitiva que sempre alimenta a mente superficial.
          Tentar transferir a velha mentalidade positivista para o âmbito da racionalidade ambiental e do desenvolvimento sustentável equivale a supor que o fogo pintado na tela possa traduzir com exatidão o poder de um fogo vivo. A Rio + 20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ainda é um prelúdio, uma tentativa de racionalização de novos saberes que não estão dimensionados pela racionalidade positivista. Da efervescência do encontro, quem sabe possam surgir os alicerces para o início da construção de uma nova estrada, com paisagens não reconhecidas e possibilidades descontinuas e não imaginadas pela mente cativa ao pensamento.  

AQUECIMENTO GLOBAL OU RESFRIAMENTO GLOBAL ?


       O sol exerce uma poderosa influência no clima planetário.Há períodos em que sua atividade é mais intensa e outros em que é menos intensa.Segundo alguns climatologistas  isso acarreta períodos de aquecimento global e de resfriamentos global. 

A concepção que aponta a atividade antrópica como causa principal do aquecimento global sustenta-se no argumento de que a queima de combustíveis fósseis está influenciando sensivelmente nas mudanças climáticas do planeta. O aumento das emissões de CO2 decorrentes da transferência de carbono armazenado nos reservatórios intraterrestres para a atmosfera estaria aquecendo o planeta.  
No consenso mais geral o CO2 é o grande vilão, o principal responsável pelo aquecimento global, entretanto, alguns especialistas em climatologia não corroboram com esse posicionamento. Para eles os principais fatores que regulam a temperatura da Terra são a atividade solar e a temperatura dos oceanos.O CO2, ao contrário, é o gás da vida pois é a principal molécula sequestrada por algas e plantas,sendo utilizada na produção de alimentos para os animais e o homem.
Segundo o meteorologista e professor da Universidade Federal de Alagoas Luis Carlos Molion, pesquisador com 40 anos de estudos sobre o clima planetário, a atividade antrópica voltada à emissão de CO2 não exerce influencia relevante na temperatura planetária. Ele argumenta que no passado já houve médias térmicas mais elevadas do que as de hoje e naquela época as emissões eram inferiores a 10% das atuais.
O pesquisador chama atenção para o fato de que após a segunda guerra mundial houve grande expansão industrial acarretando, portanto, um grande aumento de consumo de combustíveis fosseis e consequentemente de emissão de CO2. No entanto, no período pós guerra de 1946 a 1976 os dados climatológicos registraram um resfriamento global. Depois de 1977 houve um aquecimento que se entendeu até 1998 e de lá para cá, segundo sua avaliação está ocorrendo um novo resfriamento que deve se estender por aproximadamente mais 20 anos.
Na visão de Molion a temperatura do planeta não é controlada por parâmetros humanos, está prioritariamente sob o controle da atividade solar e secundariamente sob a influencia da temperatura dos oceanos. Como o sol apresenta períodos de maiores e de menores atividades, isso acarreta  oscilações com períodos mais quentes e  mais frios na Terra.
Quando questionado sobre sua posição contraria à da maioria dos ambientalistas, o climatologista diz que o tema “aquecimento global” virou discurso de políticos que querem propagar a idéia de que os países emergentes devem desacelerar  seus crescimentos por conta do risco de catástrofes globais,uma espécie de manipulação neocolonial.  Para crescer é necessário um aumento da matriz energética e isso geralmente implica em aumento de emissões, como é o caso do aumento de criações de termoelétricas  na China que bancam um crescimento de mais de 10% ao ano. 
             O cientista acredita que o planeta esta resfriando e que as temperaturas globais devem diminuir nos próximos 20 anos por conta do período de baixa atividade solar. Ele afirma que os invernos estão e estarão mais rigorosos e que os indicadores apontam diminuição de temperatura na Antártica.Em relação ao desgelo no Ártico ressalta que de 1938 a 1942 ele derreteu muito mais gelo do que agora. As águas dos oceanos nas regiões tropicais tiveram suas temperaturas elevadas em decorrência de um ciclo em que a lua orbita em movimento precessual em torno da Terra (análogo ao movimento de um peão), com isso as correntes oceânicas que deslocam para a região ártica conduzem calor que provoca desgelo em baixo.
             Recentemente o Climatologista e Professor da USP Ricardo Augusto Felício ao ser entrevistado no Programa do Jô afirmou que o “Aquecimento Global” é uma mentira.Seu posicionamento coincide em parte com as idéias do pioneiro Molion.
             Em 2009 a pergunta: “Você considera que a atividade humana é um fator que contribui significativamente para mudar as temperaturas médias globais?” foi feita para 3.146 cientistas dos quais mais de 90% eram PhD e 7% tinham mestrado, 82% respondeu “sim”. Entre os cientistas que não eram climatologistas 77% respondeu “sim” e entre os que eram climatologistas 97,5% respondeu”sim”.
            Em 1988 o climatologista da NASA James Hansen depôs no senado dos EUA e disse: “O Aquecimento Global será catastrófico para a humanidade”.
            Em 2007 o relatório do IPCC (International Panel on Climate Change) continha a incisiva afirmação decorrente das análises dos  climatologistas: “ O Aquecimento Global é  inequívoco Se a taxa de CO2 dobrar haverá um aumento de 3ºC na temperatura média do planeta.
            Em 1995 o Professor Paul Crutzen vencedor do Prêmio Nobel de Química disse: “A influência da humanidade no planeta Terra nos últimos séculos tornou-se tão significativa a ponto de constituir-se numa nova era geológica”
           Quem está com a razão, a ala do “frio” ou a ala do “quente”? Ou ambos em parte?Ou talvez,nem “água” nem “lua”?



COMO ESTÁ A RIO + 20.

            Ao final do sábado dia 16, foi produzido um documento preliminar em que as delegações presentes no evento reconheceram que as metas esperadas para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável dependem de uma parceria entre sociedade civil, setor privado e  setor público.
            Na época da Eco-92, as mudanças para  o padrão de desenvolvimento sustentável eram responsabilidade dos governos. Na visão atual a sociedade civil e o setor privado devem ter participação decisiva nas decisões globais. Organizações não governamentais, empresas e trabalhadores em geral, devem contribuir na construção de caminhos sustentáveis.
            O documento reconhece que os agricultores podem contribuir para o desenvolvimento sustentável através de atividades que sejam ambientalmente corretas. Nele está escrito que a atividade deve ser conduzida de modo a aumentar a segurança alimentar, garantir o crescimento econômico e a subsistência das populações pobres de todo o mundo.
COMENTÁRIO: Esse documento só fará sentido se o que está escrito nele  for cumprido. Vale lembrar que os documentos obtidos nos encontros anteriores não foram cumpridos.
DELEGADOS DE VÁRIOS PAÍSES CRITICAM O TEXTO APRESENTADO PELO BRASIL
            O rascunho do texto final da Conferência, apresentado pelo Brasil, foi criticado pela maioria dos Delegados de cerca de duzentos países presentes na Rio + 20. Representantes da União Européia, Estados Unidos, G77-China, Suíça, Bolívia, Japão, Quênia e Equador disseram que o texto carece de ambição e de detalhes pertinentes às ações que devem ser efetivadas para que se alcance o desenvolvimento sustentável. O Delegado da União Européia se queixou dizendo que o seu bloco “não foi ouvido” nas negociações. O bloco G77-China afirmou que as delegações terão dificuldade em demonstrar  aos chefes de estados e governos, que assumiram “compromissos importantes”. Fora do âmbito dos delegados que participam das negociações, vários membros da sociedade civil também criticaram o texto e na visão do presidente da ONG WWF não houve novidade na proposta. “Esse texto da presidência brasileira só recicla velhas histórias. Há muito pouca coisa nova que já não tenhamos tido compromisso antes. Nós gostamos de reciclagem, mas não de compromissos políticos”, criticou Lasse Gustavson, presidente da delegação da  WWF. A parte forte do texto é a que trata da preservação dos oceanos, justamente a parte do patrimônio global que ainda não foi regulada.
            O prazo final para a entrega da redação do texto será na terça-feira, dia 19, e segundo o embaixador brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, não haverá mudanças relevantes no texto, pois “nunca todos ficarão satisfeitos”.
            O Diplomata Norte Americano e o delegado do Canadá reconhecem avanços no texto, mas acreditam que há sérios problemas a serem resolvidos nos próximos dias. Para a delegação boliviana o maior problema do texto é o que trata da água, no texto não está expresso o direito humano a esse bem metaindividual. O delegado japonês apresentará sugestões de mudanças no texto no decorrer das negociações e a delegação do Quênia disse: “Temos que começar a compreender que estamos lidando com o planeta Terra”.

FUNDO FINANCEIRO DEVE SER EXCLUÍDO DA PROPOSTA FINAL DA RIO + 20.
            O Brasil e vários países em desenvolvimento defendem a criação de um fundo com o objetivo de garantir a construção de instrumentos para o desenvolvimento sustentável. As Nações deveriam assumir o compromisso de criar mecanismos de financiamento com previsão de trinta bilhões de dólares a partir de 2013 até chegar a cem bilhões em 2018.
COMENTÁRIO: A proposta náo passou porque EUA, Canadá, Austrália e Japão alegaram que estão em um momento econômico e político desfavorável à perspectiva de doação de recursos. A crise econômica internacional e disputas políticas internas nos Estados Unidos foram citadas nas justificativas. Vale lembrar que os governos destinam anualmente um trilhão de dólares para subsidiar a venda de combustíveis fósseis. Se pagam para tornar o petróleo barato, não podem redirecionar ao menos parte dessa verba para criação de um fundo ambiental?

RACIONALIDADE AMBIENTAL E TURISMO SUSTENTÁVEL




O acervo arqueológico decorrente da presença de civilizações pré-hispânicas, como por exemplo, a civilização maia que habitou em seu território no passado, juntamente com suas belezas e riquezas naturais colocam o México em destaque no cenário do turismo internacional.
            A crescente emissão de gases de efeito estufa (GEE) que retém a radiação infravermelha dentro da atmosfera, impedindo que ela seja dissipada para o espaço, está acarretando o aquecimento global. Esses gases foram produzidos principalmente pela extração, transformação e consumo do petróleo, pelas queimadas, pela expansão desordenada das fronteiras agrícolas e pelas atividades industriais que cresceram ao longo do século XX.
            A concentração dos GEE esteve abaixo de 280 partes por milhão ( ppm) até o surgimento da revolução industrial. Hoje, o nível de CO2 na atmosfera é superior a 400 ppm, e, ao que tudo indica, continuará aumentando. Dentro de uma previsão otimista o nível de CO2 em 2050 deverá estar entre 450 a 550 ppm se as nações não se empenharem em reduzir  drasticamente as emissões. Se esse limite for ultrapassado a humanidade enfrentará violentos impactos ambientais e sociais devido a intensas mudanças climáticas que deverão ocorrer.
            A degradação ambiental gerada pela civilização industrial, ao ser analisada no âmbito da Consciência Ecológica, evidencia que os custos ambientais devem ser internalizados no cálculo econômico.
            A natureza preservada, sobretudo em locais de reconhecida beleza e de valor cultural, científico e ecológico propicia uma nova dimensão na concepção de desenvolvimento econômico, uma economia focada no laser conjugado com a sustentabilidade e com o sentimento de participação na preservação e manutenção dos ecossistemas
            PATRIMÔNIO ECOLÓGICO E CULTURAL E TURISMO SUSTENTÁVEL
            A maior longevidade das pessoas e a disponibilidade de mais tempo para viagens contribuiu para o aumento da demanda de serviços turísticos voltados para a crescente valorização da natureza preservada e do turismo cultural, sobretudo, os que apresentam valor arqueológico, geológico e ecológico.
            Países com culturas ricas em enigmas e fantásticos vestígios de seu passado, a exemplo do Egito, Índia, China e Peru possuem parte significativa de sua economia focada no turismo. O México é um país que apresenta um grande conjunto de atrativos turísticos, porque possui milhares de kilômetros de costa com belas praias, diversidade climática e ecológica e um grande acervo de riquezas arqueológicas, por conta do patrimônio histórico decorrente das civilizações pré-hispânicas que habitaram seu território. Por isso, o turismo ocupa uma posição de grande destaque na sua economia.
            A indústria do turismo deve ecologizar-se para reduzir gastos energéticos, reciclar e confinar seus dejetos tratando e reutilizando a água usada. Os atrativos turísticos devem ser valorizados, em conformidade com a qualidade ambiental, com base na integridade dos ecossistemas e ecótonos e na interação deles com os centros urbanos.
            Por ser uma atividade econômica que se baseia no poder de consumo das classes mais abastadas, deve inserir em seus custos o cálculo da pegada ecológica a ser gerada. Parte da receita gerada deve ser aplicada em projetos de recuperação ecológica e na preservação dos bens metaindividuais e da biodiversidade local.
            Em face à marcante desconsideração com a natureza, tipificada na era da degradação ambiental, todo projeto turístico da era da racionalidade ambiental – admitindo que estejamos pisando os primeiros degraus dessa ascensão de consciência – deve inicialmente incluir uma avaliação do impacto ambiental, a ser feita por uma comissão de estudiosos sobre ecoviabilidade.   Autoridades ambientais devem regulamentar e determinar o cumprimento das normas ambientais e do ordenamento ecológico do território destinado ao estabelecimento da infraestrutura necessária às construções que irão integrar um complexo turístico.
            A natureza não deve ser artificializada, ao contrário, deve ser preservada ao máximo, pois é na sua originalidade e integridade que está a principal força que atrairá o turista. As características arquitetônicas não devem seguir um rígido padrão estabelecido pela globalização, devem traduzir algo da cultura e da história presente nos entornos ecológicos, de tal maneira que o visitante receba as impressões legítimas daquele lugar. E possível conjugar a criação de uma boa infraestrutura sem a perda das características socioambientais da região.
O cerrado preservado na região da APA do Encantado integrado com a paisagem do rio Araguaia descendo entre os paredões evidenciam uma beleza incomparável e constituem um raro patrimônio ecológico.
            A Racionalidade Ambiental concebe um turismo baseado na criatividade, e na harmonização das conquistas tecnológicas e materiais com os ecossistemas e/ou o acervo cultural. A valorização do patrimônio ecológico e cultural sem a nefasta mercantilização da natureza e da cultura. O enriquecimento econômico deve estar em simetria com o enriquecimento ambiental e cultural na perspectiva de uma realidade a ser construída com legítima sustentabilidade.






O famoso Arco de arenito na região das montanhas rochosas no meio oeste dos Estados Unidos é capaz de atrair turistas de todas as partes do mundo. A beleza exótica de certos sítios geológicos é  um forte atrativo turístico,pois estimula a imaginação das pessoas em relação ao passado da Terra