Por conta da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, entre os dias 13 e 22 de junho o Rio esteve na mira dos olhares do mundo, por isso estava maquiado com trânsito modificado, feriado escolar e presença de seguranças por todos os lugares. Mesmo assim, as passeatas de protesto emergiam da “Cúpula dos Povos” para as ruas do Aterro do Flamengo geravam engarrafamentos que fizeram muitas pessoas perderem o vôo no aeroporto Santos Dumont.
Enquanto os chefes de estados e de governos avaliavam o texto produzido pelo Brasil, que inicialmente possuia duzentas páginas, mas acabou ficando apenas com quarenta e nove, dois outros eventos paralelos atraíam enorme contingente de pessoas. Refiro-me à “Cúpula dos Povos” que ocorreu no Aterro do Flamengo e à “Humanidade 2012”, um conjunto de exposições que simulavam a dinâmica da civilização atual, suas implicações no meio ambiente e consequente sofrimento para a própria humanidade. Esse evento foi visitado por mais de duzentos e cinquanta mil pessoas e caso eu não tivesse uma credencial de imprensa teria de enfrentar uma fila quilométrica e levaria mais de seis horas para acessar as várias salas a serem visitadas. Esse sacrifício encarado por tantas pessoas mostra o grande interesse das pessoas em visitar a exposição.
O evento foi concebido para destacar a importância da liderança do Brasil no debate sobre desenvolvimento sustentável. Além de uma bela exposição lúdica aberta para toda a sociedade, o evento também foi marcado por várias palestas e seminários com vista à compreensão de um modelo de desenvolvimento capaz de garantir melhores condições de vida para todos os seres que habitam a Terra.
Após observar todas as salas de exposições, tive o sentimento de que ser sustentável é não ser sofisticado e nem simplório, é ser simples. Bia Lessa, cenógrafa e idealizadora da exposição, procurou integrar cultura, educação e tecnologia colocando tudo em sintonia com a Rio + 20. O arsenal expositivo foi composto pelas salas com as seguintes denominações: - “O mundo em que vivemos”, “Mundo dividido”, “Homem e suas conexões”, “Biodiversidade Brasileira”, “Diversidade humana brasileira”, “Produções humanas”, “Rio de Janeiro”, “Indivíduo e forças da natureza” e “Museu do amanhã”.
Uma espécie de “Série B” da Rio + 20, a Cúpula dos Povos foi um evento marcado pela pluralidade de grupos sociais e religiosos focados na expectativa de justiça social e ambiental.
Era de se esperar que 20 anos após a Eco-92, boa parte dos problemas econômicos, sociais e ambientais tivessem sido resolvidos, entretanto, estamos diante de uma grande crise econômica internacional, a fome aflinge um bilhão de pessoas no mundo, bizarras ideologias reacendem movimentos raciais, guerras não cessam e o planeta se contorce diante do impacto desastroso decorrente das imprevidenres atividades antrópicas.
Não seria de se esperar que o edifício da ciência construído ao longo do século 20 e o maior assentamento e difusão das doutrinas sociais amenizasse o sofrimento humano? Os chefes de estados e de governos irão alavancar um novo paradígma integrado na racionalidade ambiental caso não haja uma forte pressão de uma sociedade civil cada vez mais consciente e mobilizada?
( Maurício Tovar da Rio + 20 e eventos paralelos )
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