Floresta Amazônica e Cerrado, Biomas de Valor Incalculável.


                
                  O Cerrado é um bioma com extraordinária biodiversidade.É o berçário das águas que nutrem as principais bacias hidrográficas do Brasil. 

            No momento em que o Zietgeist (espírito de uma época) está centrado na construção de uma Racionalidade Ambiental compatível com um modelo de desenvolvimento sustentável, na preservação de biomas e ecossistemas e na recuperação de áreas que foram levianamente devastadas no passado, podemos ter um retrocesso na legislação
             Não é necessário estabelecer uma sucessão ecológica direcionada para a monocultura em parte das atuais áreas de reserva legal para obter um aumento de produção de grãos que atenda a demanda do mercado consumidor. Avanços tecnológicos resultantes de investimentos no setor agrícola, se adequadamente aplicados podem garantir alta produtividade dentro dos limites territoriais estabelecidos na legislação ainda em vigor.
            Biomas como a Floresta Amazônica e o Cerrado possuem um delicado equilíbrio entre fatores bióticos e abióticos. Suas faunas e floras necessitam de “habitat” e “nichos ecológicos” diversificados para sobreviverem. O habitat pode ser comparado ao endereço da espécie e o nicho ecológico à sua profissão, ou seja, ao papel desempenhado pela espécie dentro do ecossistema. No conjunto, todas as espécies estão integradas dentro de uma grande teia com permanentes ciclos de matérias, isto é, os elementos químicos, de modo análogo a um circuito elétrico fechado, transitam do ambiente (água, solo, atmosfera), para dentro dos seres vivos e novamente para o meio ambiente, repetindo continuamente o processo.
            Interferências muito destrutivas nesses ecossistemas podem acarretar graves desequilíbrios com conseqüências desastrosas no ciclo hidrológico, no clima continental, na qualidade do solo, na dinâmica dos ventos, nos processos de polinização natural, na variedade e proliferação de pragas e nos mecanismos que garantem a sobrevivência da biodiversidade.
            Além da ciclagem de elementos químicos que ocorre em toda a biosfera, biomas como a Floresta Neotropical e o Cerrado produzem uma fantástica quantidade de biomassa orgânica a partir de suas plantas que captam energia solar, água do subsolo e gás carbônico da atmosfera.
            Mudanças no ciclo hidrológico, decorrentes dos desmatamentos e das queimadas, afetam o regime de chuvas. As interações entre a Floresta e a atmosfera são bastante complexas, entretanto, a diminuição das chuvas interfere nos estômatos, estruturas presentes nas folhas das plantas. A maior disponibilidade de água faz com que as plantas mantenham seus estômatos mais abertos, alterando a relação com a atmosfera. Como estas estruturas respondem pelas trocas gasosas entre as plantas e a atmosfera, a drástica diminuição das plantas implica em redução do seqüestro de CO², o que amplia o efeito estufa já decorrente da liberação dos gases formados a partir da combustão da biomassa.
        Ecólogos compreendem que as formações de Biomas com comunidades “Clímax”, ou seja, no mais elevado estágio de equilibrio dinâmico, como as que estão presentes na Floresta Amazônica e no Cerrado, resultam de um longo trabalho de sucessão ecológica natural ao longo de um grande período geológico. Infelizmente nem todos os representantes que decidem os destinos do País compreendem que esses biomas são biosistemas com poder de restauração dentro de um equilíbrio dinâmico, mas dentro de limites. Implicações decorrentes de decisões baseadas em percepções fragmentadas podem ser  comprometedoras para as futuras gerações. A Floresta em pé e o Cerrado preservado, se devidamente manejados, podem gerar riquezas por muito tempo.

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