Em
meados do século XIX o pedagogo Hippolyte Leon Denizard Rivail, conhecido
posteriormente pelo pseudônimo de Allan Kardec, com uma visão e postura
científica se interessou pelos fenômenos das mesas girantes, muito difundidos
na época e que estavam tirando o sossego da Paris daquele tempo. Foi nessa
ocasião, que Kardec passou então a se interessar pelo fenômeno da mediunidade,
investigando-o com uma postura não tendenciosa, isenta da ansiedade e do desejo
de ajustamento daqueles fenômenos a uma crença pessoal, pois ele não a possuía.
Foi devido à sua postura inicialmente cética e
imparcial na avaliação de toda a fenomenologia mediúnica que investigou,
que emergiu a sua condição de “Codificador do Espiritismo”.
No
item XIII da introdução de o Livro dos Espíritos, está escrito, “Portanto, não
nos enganemos: O estudo do espiritismo é imenso, toca em todas as questões da
metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre diante de nós”. Nesse
contexto a questão do analfabetismo ambiental que ainda acomete a maior parte
da humanidade nesse início de século, sendo o responsável pela gigantesca crise
ambiental que assola o planeta, pode realmente comprometer a integridade da
biosfera – berçário da vida humana e de tantas outras espécies que são
interdependentes no cenário terrestre necessário à nossa evolução.
O
verdadeiro estudioso do espiritismo - que pode não ser necessariamente
“espírita” - sabe que essa doutrina foi alicerçada a partir de um trabalho sistemático,
altamente racional e enriquecida também com o método experimental, portanto,
não se trata de mais uma seita religiosa entre tantas já produzidas ao longo
dos tempos. Conjuga Ciência, Filosofia e religiosidade,mas, vai além dessas
três “estrelas guias” porque coaduna plenamente a vertical concepção da transcendência da
supremacia da inteligência espiritual sobre a matéria com a horizontal
aplicação da lei da caridade e da solidariedade, sem as quais aquela vertical
se mostraria estéril em relação ao aperfeiçoamento do ser humano. Não corrobora
com o misticismo vago e nem com a ciência concebida fora do primado da
consciência.
A Ecologia
ao focar o olho na biosfera da Terra vê a unidade da vida planetária, unidade
evidenciada na interdependência dos fatores bióticos e abióticos, na
transferência de energia nos diversos níveis tróficos, na reciclagem de matéria,
que ora esta presente nos corpos dos seres vivos, ora na litosfera, hidrosfera
e atmosfera planetária. O ar, a água, e a terra (elementos químicos da crosta)
existentes nessa grande astronave azul que conduz sete bilhões de seres humanos,
junto com tantas outras espécies que compõem a biodiversidade, se apresentam em
porcentagens análogas no organismo humano Na verdade, nossos corpos, inequivocamente, se
misturam ao corpo da Terra,portanto, se ela estiver envenenada com índices
alarmantes de poluentes, nossos organismos certamente também estarão.
Conceber
a crise ambiental como algo natural, não vinculado às atividades antrópicas
inconsequentes, fomentar essa idéia junto a população, evadir do problema com
argumentos de intelectualismo raquítico, estabelecer gestões que não se
fundamentam numa axiologia que prioriza a sustentabilidade e diga não à
imprudência do consumismo,são posições típicas dos analfabetos em racionalidade
ambiental.
Tanto
o espiritismo quanto a ecologia conseguem ver a unidade subjacente que há na vida,
ainda que a vida assuma dimensões distintas sob cada lente, e quando esta
unidade é compreendida e, sobretudo sentida, é capaz de fazer brotar no homem
uma ética que pode fazer da Terra um lugar melhor para se viver.
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