A Rio + 20 estava morna quando a estudante neozelandesa Brittney Trilford de 17 anos foi convidada para falar perante os chefes de Estado e representantes da Sociedade Civil. A jovem não vacilou e disse às autoridades: “De forma corajosa e ousada, façam o que é certo”. “Estou aqui hoje para lutar pelo meu futuro. Quero pedir que considerem porque estão aqui. O relógio está passando”, e acrescentou: “Os senhores estão aqui para fazer bonito ou para nos salvar”. Ela foi escolhida por 350 Organizações Não Governamentais em uma seleção feita pela ONU no concurso “Encontro com a História”. Na Eco-92 a estudante canadense de 12 anos, Steven Suzuki, marcou o encontro quando disse: “Todas essas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e,mesmo assim,continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções”.
O menor número de chefes de estado em comparação com a Eco-92 não deixa de expressar um sentimento de negligência para com a inadiável necessidade de integrar a economia com o social dentro de uma viabilidade ambiental, de modo que a sustentabilidade saia da dimensão da retórica e ingresse na dimensão da construção de uma realidade embasada na Racionalidade Ambiental e não numa distorcida racionalidade econômica que banaliza a vida, a natureza e o próprio homem.
A ausência do presidente Barack Obama, da chanceler alemã Angela Merkel e do 1º ministro britânico David Cameron não deixaram de representar uma perda de força para a Conferência das Nações Unidas. Vários líderes criticaram o texto final que ficou dimensionado em 49 páginas, 6 capítulos e 283 itens.Muito genérico e pouco ambicioso resume o comentário geral sobre o documento.Os capítulos que se referem a financiamentos e meios de implementações foram considerados os mais importantes.
Sexta feira,dia 23, o secretário Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon recebeu das mãos de 20 ativistas um documento com demandas elaboradas no evento paralelo à Conferência das Nações Unidas,a Chamada “Cúpula dos Povos” no aterro do Flamengo.Os ativistas esperavam que o documento fosse incorporado ao texto principal,coisa que não aconteceu.
A verdade é que a ONU não deu nenhuma garantia de que os governos irão consolidar as decisões que foram acordadas na Rio + 20.Muitos palestrantes foram incisivos em afirmar que as mudanças climáticas estão se acelerando,pois dados científicos não deixam dúvida,e que muitos desastres ambientais podem impactar violentamente sobre a civilização ,entretanto o encontro não resultou na criação de um fundo ambiental,isso significa que teremos dificuldade em concomitantemente desconstruir as estradas que estão conduzindo a humanidade para o caos e construirmos um legítimo caminho de sustentabilidade.Não há tempo para primeiro criarmos um novo paradigma e depois agirmos.O argumento de que a crise econômica não permite a criação do Fundo Ambiental é uma balela.Qual prioridade é maior,continuar produzindo desmedidamente com o propósito de se obter mais e mais lucro que será revertido para restritos grupos econômicos ou estabelecer e executar imediatamente um programa de sustentabilidade em que a economia seja um instrumento em prol de benefícios sociais e da restauração e preservação dos ecossistemas?O documento final “ O Futuro que Queremos” não condiz com os anseios da sociedade civil,pois muitos líderes nacionais e internacionais que a representam entregaram aos chefes de estado uma mensagem com o tíulo “A Rio + 20 que não queremos” como resposta ao texto final da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.”Registramos nossa profunda decepção com os chefes de estado.A sociedade civil não compactua com esse documento.”
O futuro é agora.
(Maurício Tovar-direto da Rio + 20 )
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