O PLANETA PEDE SOCORRO




                        Na visão do ecólogo inglês James Lovelock o planeta Terra é um grande organismo vivo que expressa em sua biosfera uma fantástica biodiversidade. A Mãe Terra, expressão que passou carinhosamente a ser utilizada por aqueles que despertaram um legítimo sentimento de reverência ao todo da natureza planetária, está passando por um momento de grande turbulência na sua trajetória dentro do tempo e do espaço. Segundo Lovelock, renomado autor da teoria de Gaia, a Terra - um magnífico organismo vivo com manifestações homeostáticas - se encontra num estado análogo ao estado do coma que acomete um ser humano que ficou desprovido da harmonia que rege suas atividades metabólicas.
Infelizmente a grande maioria dos indivíduos que ocupam posições relevantes nas cúpulas do poder, seja da esfera governamental ou não, como por exemplo, no âmbito relacionado ao processo de formação de opinião e sua consequente influência nas mudanças de comportamentos na sociedade, não estão suficientemente sensibilizados com o notório desequilíbrio homeostático do planeta e sua correlação com a enorme instabilidade psíquica e emocional que se manifesta acentuadamente nos homens, no início desse milênio.
            Existem inúmeros dados obtidos através de instituições compostas por especialistas em questões ambientais que sinalizam a preocupante e alarmante situação da Terra em relação aos níveis de poluição decorrente da contemporânea “civilização Industrial”. Um estudo em curso, feito pela entidade ambientalista "GREENPEACE”, mostra que a concentração de material plástico nas águas dos mares já atingiu níveis elevadíssimos. A poluição por plásticos, que era restrita a alguns pontos conhecidos, atualmente, está presente de forma generalizada nas águas de todos os mares do planeta, sobretudo nas zonas de convergência de correntes marítimas.
De acordo com o programa ambientalista das Nações Unidas existem 46.000 fragmentos plásticos em cada 2,5 quilômetros quadrados da superfície dos oceanos e isso representa 70% da poluição marinha por resíduos sólidos. Uma quantidade fantástica de espécies de mamíferos marinhos e pássaros engole estes plásticos, certamente supondo serem alimentos.
Já foi encontrada uma baleia morta com 800 kg de plástico no estômago. Muitos plásticos, como o PVC, possuem o elemento químico estanho em sua composição, sendo esse, extremamente tóxico para peixes, moluscos e outros animais aquáticos
 Dados recentes revelam que no final do século XX o mundo produziu aproximadamente 230 milhões de toneladas de produtos plásticos, cerca de 50 vezes mais do que os números da década de cinqüenta.
            Recentemente, pesquisadores da universidade da Califórnia relataram que três quartos das regiões pesqueiras do mundo estão ameaçados pelo impacto decorrente de atividades antrópicas. Dados da ONU atestam que 80% das espécies de peixes comercializados estão ameaçadas de extinção pela pesca predatória.
            Estudos recentes detectam a intensificação de alguns fenômenos e acontecimentos sintomáticos da proeminente deterioração dos oceanos, causada pela interferência do homem. É o caso de: marés vermelhas frequentes, desaparecimento de mamíferos marinhos, destruição do assoalho marinho, surgimento de zonas mortas e acidificação das águas.
            Sabemos e concordamos com as informações qualificadas que denunciam os danos causados ao meio ambiente e entendemos que são importantes, não apenas para conscientizarem a sociedade e trazerem o tema à pauta, mas também para que se abram caminhos de mobilização social. Com informações seguras é que surgem cobranças populares solicitando das instituições de direito público e privado o cumprimento de determinações previstas nas leis ambientais. Da mesma forma, vêm cobranças sobre legisladores para que criem novas leis que de alguma maneira contribuam para a proteção e preservação da natureza. Assim, semeia-se melhor qualidade de vida para todos.
             Entretanto, ousamos afirmar que somente uma profunda mudança na estrutura de consciência do ser humano poderá encaminhá-lo a um novo modo de ser e de agir, e consequentemente de resgatar o equilíbrio com Gaia.
            A sociedade reflete tal qual um espelho, os indivíduos que a compõem. Nós não somos observadores as margens do caminho. Não somos meros espectadores da história, somos os protagonistas dela. Somos o mundo. Se não houver, portanto, uma mudança na estrutura interna de cada um de nós, é provável que o homem aumente ainda mais as suas neuroses e continue a expressar interesses egocêntricos pautados por uma visão unilateral e por ações fragmentadas.
             Notícias envolvendo danos ambientais circulam todos os dias no mundo. Nos ambientes acadêmicos, ecólogos possuem modelos de desenvolvimento sustentável. Pessoas de todas as classes sociais rodopiam em torno do tema, porém, a compreensão apenas intelectual não será suficiente para restaurar a harmonia do homem e da Terra. Podemos mudar o foco da nossa visão, mas, para tanto, temos que adquirir uma verdadeira comunhão com a natureza, porque é graças a Gaia (Terra) que estamos manifestando as nossas existências individuais.
            Tivemos nossa gestação no organismo materno, e ela foi para nós uma primeira vida. Acaso envenenaríamos o organismo de nossa Mãe? Integrar-se com Gaia e auxiliar na sua recuperação é um desafio da nossa e de futuras gerações, assim,a Terra poderá abrigar muitos de seus filhos num tempo futuro, para que possam também ser aprendizes na existência terrestre e se preparem para novos estágios de vida nas “Muitas Moradas do Pai"




Bibliografia.
CAPRA, Fritjof. "A teia da vida" . São Paulo. editora Cultrix, 1996.
LOVELOCK, James. "A vingança de Gaia" . Rio de Janeiro . editora Intrínseca, 2006.
SAGAN, Carl. "A Civilização Cósmica" . Rio de Janeiro . editora Artenova S.A, 1976.
DORST, Jean. "Antes que a natureza morra". tradução: Rita Buongermino . São Paulo . editora EDUSP, 1993
WILBER, Ken . "O Espectro da Consciência". São Paulo . editora Cultrix, 1989.
Krishnamurti . "Uma nova maneira de agir" . São Paulo . editora Cultrix, 1970.





MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
COLUNA  TERRA SUSTENTÁVEL 
http://www.dmdigital.com.br/ .





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