A luz física e a luz do intelecto





  Na alvorada de um novo tempo a luz do 
intelecto vai se intensificar no ser humano.
   Assim como a luz física é percebida pelo olho do ser humano e não poderia lhe dar o sentido da visão sem a existência desse, a luz intelectual só pode ser percebida pelas inteligências que são capazes de vê-la. Trata-se de uma luz interior, sem a qual restam as trevas exteriores e conforme a palavra do Cristo nela só pode haver prantos e ranger de dentes.
                Cada ação humana leviana e má, livremente permitida e realizada sem que a Consciência proteste, apaga um pouco da luz da alma humana submetendo-a  ao império          

  
     Os homens que são inimigos da verdade podem ser comparados a crianças teimosas que se negam a agir em conformidade com a boa educação. Criam situações embaraçosas e de grande perigo e ficam desesperadamente a gritar e a chorar na escuridão de seus equívocos. A verdade e o bem nunca se divorciam, são sempre inseparáveis.
     A verdadeira fé jamais pode estar em contradição com a verdadeira Ciência. Os indivíduos que se apoiam apenas na crença, que desprezam a Ciência e o conhecimento sobre a Natureza, e os “homens de ciência” que combatem e querem aniquilar com a fé, são homens igualmente inimigos da luz e devido às suas obstinações calcadas em identificações injustificadas ficam perdidos na escuridão que Cristo mencionou.
      Houve um tempo em que um filósofo cristão: disse: “Creio porque é absurdo”.  Estamos agora no tempo em que é preciso dizer: “Creio porque seria absurdo não crer.”
            A autêntica religiosidade do homem está fundamentada na religião única e universal, cujas dissidências presentes no panorama social humano são meras aparências caricaturais dela. É o fanatismo dos ignorantes, que apartados das sublimes palavras do Salvador vociferam ódios uns aos outros para defenderem suas próprias quimeras, às raias da demência.
            A verdadeira razão reconhece que a religião é necessária e compreende em que e porque surge a superstição e o fanatismo.
            Que forças dirigem o mundo? Forças cegas que escapam ao domínio de uma Inteligência soberana e atemporal? Ou o mundo se alicerça na autêntica virtude? Mas o que o homem entende por virtude? Jejuar para dominar os impulsos da gula? Abster-se de usar por temor de ser escravo do abuso? Que pensar de um homem que possui a faculdade de sentir e de raciocinar, porém, que não lhe dá asas por temer perder a fé?
            A virtude é sempre o oposto da nulidade. É a força e a razão que dirige a  própria força, produzindo o equilíbrio dinâmico que incessantemente corrige os caminhos tortuosos dos homens que se entregam às paixões desenfreadas  e às perversas sugestões do egocentrismo doentio.
            A força invencível e soberana é a força sem violência. Os homens violentos são sempre homens fracos e inconseqüentes que terão sobre si mesmos os efeitos dos seus esforços. Na odisséia de Homero, alguns personagens elucidam essa verdade. Praticam o insulto um contra o outro para despertarem a fúria e sabem que o mais furioso, certamente será o vencido.
Na mitologia grega, o herói Aquiles personifica a paixão e o herói Ulisses personifica a virtude. Os deuses, os ciclones, Circe, as Sirenas, os elementos, ou seja, todas as dificuldades e todos os perigos assediam Ulisses. Seu palácio é invadido, sua mulher é ultrajada e seus bens saqueados. Perde os companheiros, seus navios são afundados e Ele  fica só em luta contra a noite e o mar. Aplaca os deuses,acalma as tempestades no mar,engana as sirenas, anula os feitiços e neutraliza os venenos de Circe e readquire seu palácio,elimina os que queriam matá-lo e liberta sua mulher. Qual o segredo dos seus triunfos? É que suas ações estão em sintonia com a fonte  legítima da virtude, um poder divino que pode chegar ao homem quando ele possui a brandura do coração em plena harmonia com a luz do intelecto operando com a razão.
            Esse elevado alcance filosófico e moral constitui a verdadeira essência da obra de Homero. Os personagens elucidam as fraquezas e as forças, os equívocos e os acertos, o sono e o despertar luminoso do ser humano rumando ao encontro de sua essência e, portanto da sua religação com o sagrado
                                 Apagar a luz interior falseando a consciência; perseguir, prejudicar ou ignorar os arautos da sabedoria que pulverizam as mentalidades sectárias existentes no mundo e trabalham em favor da elevação dos sentimentos e da inteligência do homem são disposições tão absurdas, que dificilmente poderíamos deixar de concebê-las como vertigens da Alma sem a luz do Intelecto .
As poções mágicas com venenos e qualquer feitiço produzido pela feiticeira Circe não podem atingir Ulisses. A luz divina que o tocou e o religou ao sagrado imunizou sua Alma contra tudo que trapaceia pelo ilusionismo.     
               Quando o Homem não censura  a consciência e está atento em relação aos sentidos e ao seu intelecto uma luz interna clareia sua razão tornando - o consciente de sua condição pensante.
 A neutralidade de Pilatos em relação a Cristo revela que Ele na verdade estava em trevas exteriores,pois o homem que não é atraído para a luz da verdade ainda não se move na Luz

MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
COLUNA TERRA SUSTENTÁVEL
http://www.dmdigital.com.br/ .

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