O OURO AZUL VITAL PARA A BIOSFERA
Em parceria com a Universidade de Twente na Holanda a
UNESCO realizou estudos sobre o volume de água que é gasto na produção de todos
os bens de consumo e nos serviços existentes em 132 países do mundo. Os
recursos hídricos são destinados às necessidades domésticas, produções
agrícolas e produções industriais.
No Brasil a “pegada hídrica”, que corresponde ao volume
de água utilizado para produzir os bens e realizar os serviços necessários ao
consumo de seus habitantes é de 1, 381 milhões de litros “per capita” ao ano.
Desse total, 70.000 litros são consumidos nas necessidades domésticas,
1.155.000 são consumidos na produção agrícola, 51.000 na produção industrial e
105.000 relativos a produtos agrícolas e industriais importados.
Considerando o ritmo de crescimento da população mundial,
a estimativa da população humana para 2050 será de nove bilhões de habitantes,
quase 30% a mais em relação à população atual. O grande desafio será aumentar a
produção de alimentos – atividade responsável por mais de 70% da pegada hídrica
da humanidade – sem aumentar o desmatamento e sem promover o acréscimo de recursos
hídricos para o setor agropecuário, sobretudo, porque alterações aceleradas
estão ocorrendo no ciclo hidrológico do planeta.
A distribuição de água no globo terrestre é desuniforme.
Há países ricos em reservas de água e outros com carência. O Brasil é um país
privilegiado em reservas de água doce. Só o Aquífero “Alter do Chão” –
recentemente dimensionado como o maior aquífero do mundo – exclusivamente
brasileiro e situado nos subterrâneos da Floresta Amazônica, juntamente com o aquífero Guarani, cuja maior parte está em subsolo brasileiro totalizam mais de
120 mil km de água. Quantidade suficiente para atender todas as necessidades
do povo brasileiro por milhares de anos.
Sendo a água um bem meta individual cabe aos gestores do
patrimônio da Nação gerenciar, armazenar, tratar e impedir a poluição das
reservas de água por metais pesados, poluentes industriais, agrotóxicos, esgoto
humano e lixo orgânico.
Em decorrência de mudanças no ciclo hidrológico, alguns rios que eram perenes estão agora secando
antes de chegarem ao mar. O rio Colorado, nos EUA, atualmente chega raramente
ao Golfo do México. O Mar Aral – situado na Ásia Central – está perceptivelmente menor.
Desde 1985, o rio Amarelo – berço da civilização chinesa - vem secando
intermitentemente. O extenso rio Nilo míngua suas águas antes de alcançar o mar
mediterrâneo.
A água, embora seja essencialmente da hidrosfera,
transita entre a biosfera, atmosfera, litosfera e completa seu ciclo retornando
à hidrosfera. Processos de evaporação, transpiração, precipitação, infiltração,
condensação, deposição e escoamento estão envolvidos na dinâmica do ciclo
hidrológico e dentro de um contexto de mudanças climáticas decorrentes da ação
antrópica certas regiões ficam marcadas pela escassez de água e outras recebem carga excedente.
A biodiversidade da biosfera, seja no biociclo
terrestre (Epinociclo), sejam nos biociclos aquáticos (Limnociclo e
Talassociclo), necessita de elevadas porcentagens de água em suas células e
consequentemente em seus corpos. Nos seres unicelulares ou pluricelulares, o
metabolismo com suas reações de síntese e decomposição, depende essencialmente
de água, pois ela é o solvente universal das soluções celulares. Produtos
tóxicos em concentrações indesejáveis são eliminados do corpo através da água
presente na urina ou no suor. Devido ao seu elevado calor específico a água
impede mudanças bruscas de temperaturas na célula, evitando a desnaturação de
proteínas especiais denominadas enzimas, moléculas imprescindíveis para que as
reações ocorram em tempo ábil no corpo e com economia de energia.
Oceanos contaminados com poluentes biocumuladores, como por
exemplo, o mercúrio eliminado na baía de Minamata no Japão, são assimilados
pelas algas, passam para os peixes herbívoros e carnívoros e depois são
encontrados em altas dosagens nos golfinhos e em humanos que se alimentam de
peixes, e infelizmente, em certos países, também de golfinhos. A doença de
Minamata decorre da contaminação por mercúrio. O indivíduo apresenta lesões no sistema nervoso central e tem
paralisia dos movimentos seguidos do coma e morte. Rios e lagos que recebem
dejetos humanos e lixo orgânico e industrial vão perdendo a capacidade de
abrigar peixes, crustáceos, algas, moluscos e plantas aquáticas, pois, as
linhas da Teia da Vida se rompem progressivamente com o aumento da Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO) causado pela atividade de decompositores sobre a
massa crescente de cadáveres de produtores e consumidores que vão sendo
envenenados pelos poluentes.A água fica fétida e atesta a falta do oxigênio
vital para a comunidade do ecossistema.
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MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ
COLUNA TERRA SUSTENTÁVEL
http://www.dmdigital.com.br/ .