Ocorrerá em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, a Rio + 20 – Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável. Na ocasião estarão reunidos representantes de mais de 190 países para não apenas debaterem as questões ambientais que dizem respeito a todos os seres humanos – cidadãos do mundo – que habitam a Terra, mas, sobretudo para estabelecerem as diretrizes de uma Economia Verde direcionada ao crescimento econômico e distribuição de riquezas para o povo, aliados à sustentabilidade.
A economia verde considera que desenvolvimento real é o desenvolvimento que se processa mediante a redução no uso de recursos naturais e a preservação dos ecossistemas, visando o bem estar dessa e das futuras gerações da humanidade.
Hoje, a humanidade vive com padrões de consumo bem acima do que a capacidade do planeta Terra é capaz de suportar, ou seja, acima de sua bio- capacitação. A “biocapacitação” é um indicador que dimensiona as áreas de terras e o volume de água capazes de fornecer recursos biológicos úteis e de absorverem os resíduos que resultam das atividades antrópicas. Estima-se que a biocapacitação da Terra seja de 13,4 bilhões de hectares globais.
A população humana atual está consumindo recursos naturais que equivalem a uma Terra e mais um terço dela. Significado: estamos explorando solos, rios e mares numa velocidade que o Planeta não é capaz de promover sua recomposição. A exploração desmedida está em descompasso com a biocapacitação da Terra. Em termos práticos, nesse modelo, com o decorrer do tempo, teremos que contar, com cada vez menos água potável, menos terras produtivas e maior agravamento de problemas ambientais.
Um índice que mede a pressão das atividades antrópicas sobre os ecossistemas é a chamada “pegada ecológica”. A pegada ecológica mede as áreas de terras e volume de água que um indivíduo, uma nação ou a humanidade necessita para produzir tudo aquilo que consome e descartar no ambiente todo lixo que é gerado. A pegada ecológica de um país depende do seu número de habitantes e do seu grau de consumo. É influenciada também pela maior ou menor eficiência no uso de recursos naturais. A pegada ecológica da humanidade é de 2,7 hectares globais per capita, o que significa que para manter o padrão de vida atual, os quase sete bilhões de seres humanos que vivem na Terra necessitariam de pouco mais de 18 bilhões de hectares, o que equivale a uma Terra e mais um terço dela.
O slogan “quanto mais, melhor” é absolutamente incompatível com uma economia de baixo carbono. Atualmente mais de trinta trilhões de dólares são gastos na aquisição de bens e em serviços que orbitam as indústrias e o comércio. Esse montante é seis vezes mais do que os cinco trilhões que eram gastos no início da década de sessenta. O aumento de consumo pode expressar um desenvolvimento tecnológico e a criação de riquezas, entretanto, as pessoas com acesso a novos, e a mais produtos, promovem a retroalimentação do ciclo produção–consumo-produção, inerente ao capitalismo. Se a população mundial apenas dobrou nos últimos cinqüenta anos e o consumo passou a ser seis vezes maior, o consumismo “per capita” da humanidade atual está três vezes maior em relação à década de sessenta.
Uma cultura de consumo passou a ser uma cultura de consumismo – consumo exagerado. A cada ano que passa a humanidade está consumindo algo em torno de 60 toneladas de recursos naturais. Isso implica em mais lixo no meio ambiente, mais poluição da atmosfera, da litosfera e da hidrosfera. É claro, que nesse ritmo de exploração, a natureza não consegue- através dos ciclos biogeoquímicos- recompor em tempo hábil os seus ecossistemas. Essa cultura consumista deve ser abdicada em favor de uma nova cultura que não dissocia desenvolvimento econômico de sustentabilidade.
Os ambientalistas e ecólogos há várias décadas, defendem os biomas, a diminuição do consumo de energia, o destino adequado do lixo e a preservação dos mananciais de água, todavia, seus esforços não ressoavam na economia. Atualmente a visão ecológica possui tentáculos inseridos na economia global, influenciando governos e empresas a reconsiderarem seus modelos de desenvolvimento. A questão ambiental vai progressivamente assumindo o cerne dos interesses da sociedade. Nesse contexto, o desenvolvimento só é desenvolvimento se for sustentável. Se conjugar o bem estar do cidadão e a preservação dos recursos naturais através de uma economia verde e uma governança da sustentabilidade.
Quando a pegada ecológica de um país se encontra muito acima da biocapacitação do país é sinal de que o país possui um alto padrão de consumo à custa de um débito ambiental para o resto da humanidade. Os Estados Unidos e a China, por exemplo, se enquadram nessa condição. O Brasil apresenta uma pegada ecológica estável desde a década de sessenta, entretanto, sua biocapacitação- em função de desmatamentos ostensivos e da expansão agrícola desordenada – está diminuindo drasticamente. Como a biocapacitação ainda supera a pegada ecológica, o Brasil ainda não apresenta ônus ambiental, entretanto, a diminuição de sua biocapacitação, juntamente com a perspectiva de aprovação do novo Código Florestal apontam nessa direção.
A “Rio + 20” poderá ter desdobramentos favoráveis para a efetivação de uma Economia Verde, compatível com os anseios da nação e do mundo.. Se o governo, as empresas e a sociedade como um todo tomarem por referência o Índice de Progresso Genuíno (IPG),o Brasil não deverá se tornar uma nação geradora de ônus ambiental para a humanidade.
A Frente Parlamentar Ambientalista participará de alguns encontros que lhe possibilitará tirar algumas pautas relevantes para a Rio + 20. Na agenda estão previstos os seguintes temas: RECURSOS HÍDRICOS: – em Cuiabá no dia 21/10/2011. MEIO AMBIENTE URBANO: em São Paulo no dia 21/11/2011. ENERGIA: em Recife no dia 16/12/2011. SEGURANÇA ALIMENTAR: em Porto Alegre dia 16/01/2012.
O encontro do segmento parlamentar da Rio + 20 com a presença de parlamentares de todo o mundo será na cidade do Rio de Janeiro de 25 a 27 de maio de 2012.
Os economistas do desenvolvimento sustentável propuseram um novo indicador de desenvolvimento econômico de um país. É o Índice de Progresso Genuíno ( IPG ) Ele avalia quanto o crescimento econômico retratado pelo PIB reflete na qualidade de vida. O IPG desconta do valor do PIB os custos sociais e ambientais para gerar as riquezas, tais como, esgotamento dos recursos naturais, poluição e criminalidade. Em termos práticos podemos comparar o PIB com o faturamento total de uma empresa e o IPG com o lucro após os descontos da produção.
MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ
COLUNA TERRA SUSTENTÁVEL
http://www.dmdigital.com.br/ .
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