FOGO NATURAL NA ESTAÇÃO SECA E ESCLEROMORFISMO OLIGOTRÓFICO NO CERRADO.


   

            Na estação seca as plantas do cerrado convivem com o fogo que surge de forma natural nesse bioma que já cobriu 25% do território brasileiro.Além de uma privilegiada biodiversidade com mais de 12.000 espécies de plantas,muitas delas com propriedades medicinais ,o cerrado é o principal berçário de águas que alimentam a maioria das bacias hidrográficas do país.
           Após um incêndio natural, muitas plantas renascem por apresentarem adaptações para resistirem ao fogo.Entre elas está a camada externa e espessa de cortiça nos caules funcionando como excelente isolante térmico.Muitas árvores que dão a impressão de terem sido completamente destruídas pelo fogo,logo começam a brotar ramos verdes a partir de gemas que estavam protegidas pela grossa camada se cortiça.
           As raízes profundas de muitas plantas do cerrado penetram nos lençóis freáticos que podem se encontrar entre 4 a 18m de profundidade para retirarem a água que juntamente com os sais minerais constituíram a seiva bruta que será  conduzida aos outros órgãos vegetativos através dos vasos xilemáticos,portanto,mesmo que o solo na superfície esteja muito seco,as  plantas não terão carência de água.
           Também existem plantas com raízes que crescem submersas e paralelas à superfície do solo,não sendo atingidas pelo fogo que se alastra por cima.Outras, ainda,possuem caules subterrâneos especiais – os Xilopódios – ricos em gemas que brotam com facilidade após o fogo cessar.
          O fogo também estimula e induz a floração e na ausência dele muitas plantas não florescem com a mesma intensidade,ou,até mesmo, não chegam a florescer.A quantidade de flores é determinante para a atração de um grande número e uma grande diversificação de insetos polinizadores que são atraídos pelo néctar rico em açúcares.Da parede do ovário dessas flores se desenvolvem os frutos que protegem as sementes e alimentam muitos animais,alguns deles ao defecarem irão eliminar sementes desses frutos em outras áreas – endozoocoria - e portanto auxiliarão na dispersão e na perpetuação da espécie da planta espermatófita,no caso,por ter fruto, uma Angiosperma.Os brotos verdes tenros alimentam outros animais herbívoros,como por exemplo, o veado campeiro e a ema.Em plena estação seca eles encontram esse delicioso manjar na farta mesa do cerrado não maculado pela ação antrópica desmedida.
           As queimadas em rodízio e sob controle podem prevenir grandes incêndios permitindo à flora do cerrado completar o ciclo biológico de cada planta ao acelerarem a reciclagem de nutrientes minerais através da dinâmica dos ciclos biogeoquímicos no ecossistema.
              Pelo fato de muitas espécies de plantas do cerrado serem plantas herbáceas anemocorias ou seja, dispersadas pelo vento,a germinação e dispersão das sementes podem ser favorecidas pela ação do fogo,já que as palhas secas acumuladas no solo são queimadas pelo fogo e as sementes cujos frutos estão próximos à superfície são dispersadas.Além disso,muitas dessas sementes são dotadas de tegumentos impermeáveis à água que em consequência do aquecimento se rompem para que a água entre,quebre a dormência e determine a germinação da semente que se converterá na nova planta.
              As características Xeromórficas do Cerrado (na verdade, um falso xero-morfismo  não são decorrentes da falta de água,na verdade, resulta da carência de certos sais minerais,da acidez do solo e do excesso de alumínio,um metal tóxico para as plantas.A vegetação do cerrado possui árvores com galhos retorcidos,caules tortuosos com súber espesso por causa do “Escleromorfismo Oligotrófico” que pode ser entendido como “a falta de nutrientes (oligotrófico) determinando um padrão nas formas vegetais (morfo) com muita casca dura (esclero) nos caules tortuosos”. 
MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
COLUNA  TERRA SUSTENTÁVEL 
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CRISE AMBIENTAL – ESPELHO DAS MÚLTIPLAS CRISES HUMANA





            O afastamento da razão em relação ao sentimento e a desvinculação da ética em relação aos saberes da Ciência desencadearam no mundo a construção de uma sociedade marcada pela falta de sentidos existenciais. O resultado de uma educação exaustivamente técnica, porém carente de caminhos que deságuem no refinamento da sensibilidade, na capacidade de reconhecimento de que a formulação da indagação baseada no espanto e na autêntica curiosidade são as mais nobres prerrogativas para a cognição, no trabalho de descondicionamento do ser humano, ao contrário de tentar moldá-lo em conformidade com interesses ideológicos para que no futuro corresponda a esse interesses, tudo isso culminou em uma conjectura social fragmentada e marcada por aberrações e contradições.     
             O cenário global em destaque é o de uma sociedade tecnologizada, mas órfã do mágico sentimento de integração com a natureza, aumentando assustadoramente o nível de entropia na biosfera planetária, já que as atividades antrópicas desprovidas de um sentido de unificação e propósito harmonizador desencadeiam uma crescente devastação nos ecossistemas. Enquanto essa sociedade não se der conta de que a narcopolítica virulenta que infecta suas entranhas deve ser extirpada juntamente com os modelos econômicos caducos que não admitem – ou não querem admitir – que a  decantada “lei de mercado” é o combustível da “lei da entropia” acelerando a degradação ambiental revelada na poluição do ar, da água, do solo e do subsolo,a crise prosseguirá,sabe-se lá com que culminâncias.  
            Na verdade, a crise ambiental, espelha o descompasso do homem com a humanidade e da humanidade com o homem, a fuga secular, talvez milenar do homem fugindo de si mesmo e tocando o bonde da história aos trancos e barrancos na penumbra. Por isso, pede mais lucidez ao homem. Exige que ele se refaça que se desvista de sua vestimenta mental em trapos e teça para si uma vestimenta com novos tipos de tecidos apropriados a uma nova dimensão existencial. Vencê-la equivale a ser e agir, a agir e ser.


MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
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Cuidar da Terra é Investir nas Próximas Gerações


         
         A Terra com suas majestosas montanhas, vastos oceanos, florestas, desertos, campos e sua rica biodiversidade que integra os seus três biociclos da biosfera – Epinociclo, Talassociclo e Limnociclo - é indiscutivelmente uma obra magnífica.Para os Darwinistas, uma obra do acaso evolucionista,mas para os adeptos da Ciência no Primado da Consciência, um gigantesco organismo vivo autoconsciente. Nessa última versão, a magnífica biodiversidade integrada numa complexa, delicada e abrangente teia da vida com seres dotados de genomas específicos com inúmeras combinações gênicas precisas e capazes de expressar singularidades morfológicas e fisiológicas típicas de cada espécie não pode ser o resultado de meras combinações ao acaso que culminaram com o surgimento de uma espécie inteligente, no caso, o Homo sapiens, nossa espécie. Poucos se dão conta de que a gênese da inteligência, por si só ,exigiria um princípio de inteligência  pré existente,pois como poderíamos conceber a “ininteligência” do acaso sendo capaz de gerar a inteligência(?!) Não se trata de um poder autocrático, mas de uma dinâmica que de alguma forma se correlaciona com a consciência.
            Francis Collins,geneticista muito conhecido no mundo atual, após longo período de aprofundamento nas investigações sobre o Código Genético e sua operacionalidade, asseverou: “O Código Genético opera de forma muito complexa. Não pode ser algo produzido pelo acaso”. O Doutor Collins está convencido de que o modo operacional dos genes que atuam na formação das estruturas de cada célula do corpo, no funcionamento delas e também no modo operacional de integrá-las é uma programação oriunda de uma inteligência superior. Para ele o DNA é a escrita de Deus.
O renomado biólogo britânico Rupert Sheldrake, através de um trabalho de longo tempo de monitoramento do comportamento de certas espécies, concluiu que um novo comportamento que é expresso por um representante de uma espécie de símio influencia no comportamento dos outros indivíduos da mesma espécie, mesmo daqueles que estão vivendo em outros habitat, a uma longa distância e sem contato com aquele representante, ou seja, a nova aprendizagem é incorporada em todos os representantes da espécie através do que Sheldrake denominou de “ressonância morfológica”. Seu trabalho causou grande impacto na comunidade científica, pois as implicações decorrentes dos resultados obtidos apontam para a existência de um “princípio não local” atuante sobre a espécie. Algo absolutamente revolucionário que pode representar uma expansão do “Dogma Darwinista” que ainda reina soberano nas esferas ortodoxas do evolucionismo mecanicista  gestacionado no século XIX. Vale lembrar que Sheldrake é um cientista de peso que está tentando expandir o paradigma Darwinista atual para ser capaz de explicar e abarcar uma enorme gama de fenômenos biológicos, que se ocultam aos olhos de intelectos ofuscados por modelos teóricos que aprioristicamente adotam como intocáveis.
Vivemos numa época em que mais do que nunca a necessidade de resignificação da Ciência e da Religião se torna imprescindível para abalizar a busca sincera do homem que quer descobrir a verdade sobre si e sobre o meio que o cerca. Em cada homem existem inúmeros fragmentos que se rotulam alternadamente de serem o seu “eu”. Esses fragmentos, ou essa legião de “eus” produzem ações contraditórias, fomentam inveja, violência, cobiça, conflitos, guerras e divisões de todo tipo. Cada fragmento que se reveste de autoridade sobre os outros fragmentos executa sua atividade egocêntrica e separatista que inevitavelmente degrada a relação com seus semelhantes e com a natureza.
A falta de unidade e de compreensão sobre o significado da existência fez do homem um alucinado predador da biosfera. Sua infeliz inglória atual está comprometendo drasticamente as belezas e a glória de uma obra magnífica - a Terra.

MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
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