O HOMEM É AQUILO QUE ELE COME

Na medida em que a consciência sobre a importância de uma alimentação saudável em nossas vidas cresce, torna-se cada vez maior a quantidade de pessoas que passam a adotar o consumo de alimentos frescos e livres de agrotóxicos, alimentos realmente saudáveis. Quando o homem maneja adequadamente o solo, a água e as sementes e plantas que resultam delas, através de práticas agrícolas coadunantes com o equilíbrio entre o Homem e o meio ambiente, está praticando a agricultura orgânica que leva em conta a integridade das culturas rurais e o aproveitamento dos recursos naturais, sociais e econômicos tendo como propósito a sustentabilidade ecológica e econômica, os benefícios para a saúde da população e a redução da dependência de energia não renovável. 

 HISTÓRICO DA AGRICULTURA ORGÂNICA A agricultura entrou no cenário da vida humana a dez mil anos e até 150 anos atrás os sistemas agrícolas estavam alicerçados em métodos e processos naturalmente (não academicamente) ecológicos. No século XIX o químico alemão Justus Von Liebig começou a fazer uso intensivo de fertilizantes químicos para nutrir as plantas com elementos minerais. Posteriormente, nas décadas de 20 e 30 do século XX, surgem os movimentos contra o uso intensivo de fertilizantes químicos na agricultura. Na Europa destacaram-se os movimentos de “agricultura biodinâmica” em 1924, “agricultura orgânica” em 1925 e “agricultura biológica em 1930. Em 1935 surge no Japão o movimento em prol da chamada “agricultura natural” proposta por Mokiti Okada e em 1938 a agricultura natural de Mossanabu Fukuoka. Na década de 50 a Revolução Verde emerge nos Estados Unidos e na Europa. Sua ressonância alcança o Brasil na década de 70. Nela predomina a concepção de que as variedades de plantas e animais mais produtivas devem prioritariamente ser desenvolvidas e cultivadas para atenderem um mercado consumidor em alto crescimento. Para se obter elevada produtividade o meio ambiente precisaria ser alterado e adaptado, o que “justificaria” a intensa mecanização, a aplicação ostensiva de corretivos e fertilizantes industriais, o controle de pragas através de agrotóxicos e o uso de hormônios e antibióticos na criação confinada de animais, práticas que expressam bem esse modo de produção. Os impactos ambientais e sociais decorrentes da explosiva Revolução Verde e o progressivo despertamento da consciência ecológica em algumas sociedades criaram ambiência favorável ao surgimento de novos movimentos rebeldes. É nesse contexto que aparece o rótulo de “produtos orgânicos” associados às diferentes linhas da agricultura orgânica que passam a ganhar o respaldo do crescente segmento da sociedade já consciente da interdependência entre homem, meio ambiente e saúde. 

 AGRICULTURA ORGÂNICA Partindo do pressuposto de que um solo com elevados níveis de matéria orgânica terá uma rica e intensa vida microbiana capaz de nutrir saudavelmente as plantas, a compostagem se apresenta como a principal característica dentre as técnicas de manejo orgânico. 





PERMACULTURA Foi idealizada pelo professor universitário australiano Bill Molison na década de 70. Após se afastar das loucuras da sociedade de consumo - segundo suas palavras - Mollison percebeu que nem os remotos cantos do interior da Austrália onde morava seriam poupados do colapso planetário iminente, pois seus estudos demonstravam que a fauna e flora estavam diminuindo sensivelmente. Em 1992, quando esteve no Brasil, Mollison afirmou que “se voltasse ao mundo social, traria uma coisa muito positiva”. Cuidar do Planeta, cuidar das pessoas, compartilhar excedentes (inclusive conhecimentos) e limitar o consumo são os princípios que norteiam a Permacultura. Ela é especialmente adequada para regiões de florestas tropicais e subtropicais, pois sua proposta é integrar os sistemas agrícola, florestal e pecuário sem intervenção no solo e sem utilização de adubação mineral.

 AGRICULTURA BIODINÂMICA Essa modalidade de agricultura orgânica parte do princípio de que a propriedade é um organismo e, portanto, propõe um trabalho que relaciona e integra solo, planta, animal, homem e universo, levando em conta as energias que envolvem e influenciam as partes e o todo. Adota um calendário agrícola baseado no movimento da Lua ao redor da Terra e emprega os chamado “preparados biodinâmicos”. Sua proposta é restaurar a harmonia entre o homem e a natureza, pois considera que o papel destinado ao homem é de ser o mediador entre o “Céu e a Terra”. Foi fundada na Alemanha em 1924 por Rudolf Steiner em resposta a um grupo de agricultores que lhe solicitou orientações para resolver os problemas de degradação ambiental. Nas palavras de Steiner “essa ciência agrícola não é um simples método; é antes um caminho, uma arte de cuidar da terra, onde cada agricultor ou jardineiro precisa desenvolver uma percepção e sensibilidade abrangentes. Com elas pode entender o que se passa na sua quinta ou jardim”. 

AGRICULTURA NATURAL Parte do pressuposto de que o homem se afastou das Leis da Natureza e por essa razão gerou o atual estado de elevada degradação ambiental. De acordo com seu fundador, Mokiti Okada, o método agrícola que negligencia a força vital do solo e as plantações naturais acarreta novas crises para a humanidade. Para ele o excesso de alimentos contaminados com agrotóxicos lançados do solo e nas plantas acarreta um aumento crescente de doenças elevando o índice de pobreza e de conflitos nas sociedades humanas. A criação de uma sociedade saudável, solidária e pacífica ocorrerá na medida em que o homem produzir e consumir alimentos sadios que concentram energia vital.