Planeta Sustentável – Uma prioridade máxima,pois já podemos estar comendo plástico nos alimentos que consumimos.



         
 Golfinho com uma sacola plástica presa à sua nadadeira.

            O lançamento de esgoto e detritos de todo tipo em mares, rios e lagos acarreta proliferação de microorganismos aeróbios – que utilizam gás oxigênio em suas atividades metabólicas  e conseqüentemente, provocam a redução de oxigênio disponível para peixes, crustáceos, moluscos e outras formas de vida aquática que necessitam desse gás para produzirem energia em suas células e sobreviverem.
            A estimativa do consumo de gás oxigênio, utilizado pelos microorganismos que atuam na decomposição de matéria orgânica, conhecida como Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), fornece pistas para se avaliar a concentração de poluentes orgânicos presentes na água. Uma amostra da água poluída a ser analisada é colocada em um frasco com elevado teor de gás oxigênio e mantida fechada por algumas horas. Parte do oxigênio é consumido pelas bactérias e o restante, após ser dosado, revela a concentração de matéria orgânica na água. Quanto menor a quantidade de oxigênio residual na amostra, mais ela estará poluída. Atualmente, grande parte dos rios e lagos que estão em certa proximidade de aglomerações humanas, apresentam alta DBO, e,  portanto, um baixo teor de  oxigênio difuso em suas águas, atestando que estão caminhando para a morte.
            A poluição decorrente do lançamento de esgoto, detergentes e lixo orgânico provoca o fenômeno conhecido como “Eutrofização  Artificial”. Nota-se que além da diminuição de oxigênio na água, ocorre um significativo aumento de nutrientes minerais, sobretudo fosfatos e nitratos. Esses nutrientes em alta porcentagem favorecem a reprodução exagerada de algas e de cianobactérias, e  dão à água uma coloração verde escura dificultando a passagem da luz e comprometendo a atividade fotossintética. É através da fotossíntese que ocorre a produção de matéria orgânica que passará dos produtores-  algas e Cianobactérias- para os diversos níveis de consumidores que compõem a teia alimentar do ecossistema aquático. Além disso, a reposição de gás oxigênio consumido pelos diversos seres aeróbios é feita também através da fotossíntese, portanto, a turvidez da água, ao reduzir drasticamente o padrão fotossintético, determinará a morte das próprias algas e cianobactérias. O oxigênio se esgota completamente com a ação de bactérias decompositoras, que atuam na degradação da matéria orgânica, com isso, os consumidores (peixes, moluscos, crustáceos, etc.), que são aeróbios, acabam morrendo também Nesse ambiente poluído restarão apenas bactérias anaeróbias que possuem atividade metabólica com produção e liberação de diversas substâncias fétidas. Esse tipo de fenômeno ocorreu na lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro, no lago Paranoá em Brasília, no rio Tietê em São Paulo e no rio Meia Ponte, na bela capital goiana. É possível recuperar esses ecossistemas aquáticos – todos eles - se houver união de propósitos e esforços entre homens de ciência, representantes do poder público e a sociedade como um todo..
            Os dois primeiros devem pautar os caminhos de realização sugeridos pelo terceiro, jamais podem perder de vista que foram legitimados pelo povo a trabalhar para o povo. Afinal, a quem os conhecimentos, a Ciência e a Tecnologia e a política devem servir? Aos grupos que se valem de brechas na lei e manipulam com os bens metaindividuais visando lucros exorbitantes para uns poucos indivíduos? Os funcionários que trabalham nos três poderes constituídos são funcionários do povo, portanto, devem todos os dias se lembrar de entronizarem a reta intenção e ação em seus ofícios
            Com base em levantamentos da entidade ambientalista “Greenpeace,” a concentração de material plástico nos mares já atingiu níveis muito elevados. A poluição por plástico está generalizada nas águas de todos os oceanos do Planeta, sobretudo nas zonas de convergência de correntes marítimas. Segundo o programa ambientalista das Nações Unidas, a cada 2,5 kilômetros quadrados de superfície dos oceanos existem cerca de 45.000 (quarenta e cinco mil ) fragmentos de plásticos, o que representa 70%  da poluição marinha por resíduos sólidos. Enorme quantidade de mamíferos marinhos – baleias e golfinhos – e pássaros engolem plásticos supondo que são alimentos. Quase mil quilogramas de plásticos – polímeros sintéticos não digeríveis – já foram encontrados no estômago de uma baleia morta.
            Na primeira década do terceiro milênio, a média anual de produção de objetos plásticos ultrapassou duzentos milhões de toneladas. Em nosso dia a dia, podemos constatar a negligência ostensiva de todos nós em relação ao problema que é bastante grave, pois, o aumento progressivo de lixo plástico no meio ambiente não para e todo gigantesco volume desse material é bastante difícil de ser decomposto por bactérias. Pode levar quinhentos anos ou mais para ser degradado, pois os plásticos passaram a ser utilizados pela  civilização humana  há um século e meio, portanto, seu grau de biodegradação ainda não é conhecido com exatidão. Infelizmente, alguns estudos recentes sugerem que uma certa porcentagem deles já deve estar sendo decomposta e integrada ao ciclo da matéria na Biosfera, e, isso implica ,que alguns alimentos que fazemos uso atualmente já podem conter micropartículas de plástico em sua composição.
 Monocultura de cana de açúcar.
 A monocultura é um dos fatores da
degradação de ecossistemas.
Rio correndo em região de  não
degradação pela espécie humana.
            Notícias sobre danos ambientais estampam as manchetes de jornais e revistas e são temas de documentários na televisão, cinema e Internet diariamente no mundo. No circuito acadêmico ecólogos, químicos, bioquímicos físicos e outros pesquisadores apresentam estudos e modelos para o desenvolvimento sustentável, que, no entanto, não estão sendo acatados e conscientizados com a seriedade que a questão exige.  A questão ambiental se posiciona inegavelmente, como uma das questões de prioridade máxima em nosso tempo, entretanto, a compreensão apenas intelectual e a falta de um sentimento profundo e comprometimento visceral em relação ao problema, por parte de toda a sociedade, sobretudo dos representantes do povo – que deliberam políticas públicas direcionadas pelas prioridades  -  não trarão a eficácia necessária ao estabelecimento do equilíbrio entre o uso dos recursos oferecidos  pela Mãe Terra sem agredi-la com ações de caráter exploratório que transcendam a finalidade de garantir a sobrevivência da espécie humana.

MAURÍCIO TOVAR
MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DA MANHà
COLUNA TERRA SUSTENTÁVEL
http://www.dmdigital.com.br/ .